Representação em frases

Vila Pouca do Campo, excerto 14

LocalidadeVila Pouca do Campo (Coimbra, Coimbra)
AssuntoOs cereais
Informante(s) Dulcina

Texto: -


[1]
INF E depois a gente vínhamos então com o arroz para a eira,
[2]
botávamo-lo [vocalização] na eira,
[3]
INF metíamos-lhe o gado para o para o malhar,
[4]
e a gente de volta também
[5]
De noite!
[6]
Quando a gente vinha de, de de o atar do campo.
[7]
De noite,
[8]
que era para de dia a gente ir buscar do campo para casa.
[9]
INF Vejo ainda.
[10]
INF Era, sim senhora.
[11]
Justamente.
[12]
INF Sim, sim.
[13]
Atava-se,
[14]
fazia-se-lhe um ;
[15]
outros até atavam com arame.
[16]
INF Pois.
[17]
INF A mota
[18]
A mota do rio.
[19]
INF É uma [vocalização] o suporte do rio dum lado e do outro.
[20]
INF É É o [vocalização] rio
[21]
O senhor não sabe o rio Mondego?
[22]
INF Então tem
[23]
Não tem as, as as coisas de lado
[24]
INF Os lados de agora.
[25]
INF Agora está modificado
[26]
porque ele foi desassoreado.
[27]
INF não [vocalização]
[28]
Antigamente, no meu tempo, [pausa] era mais estreitinho.
[29]
INF Era a metade do rio.
[30]
Mas enchia muito quando chovia!
[31]
A gente aqui ficávamos com os campos todos alagados.
[32]
INF Sim, sim.
[33]
INF Era,
[34]
era,
[35]
era, sim senhor.
[36]
INF [vocalização] A mota era aqui deste lado,
[37]
ia uma dum lado e outra do outro.
[38]
INF Era terra.
[39]
Terra e árvores.
[40]
[pausa] Eram terras e árvores.
[41]
INF Era a margem do rio.
[42]
INF Era sim,
[43]
sim, sim.
[44]
INF Não,
[45]
essas marinhas de fo- de de fora eram baixinhas,
[46]
eram pequeninas.
[47]
INF A água estava estava mais alta,
[48]
mas quando ele era que chovia, que que o rio metia água, deitava fora.
[49]
E depois o rio até tinha alturas que quebrava.
[50]
A gente ficámos sem as culturas.
[51]
INF Oh!
[52]
Ficava tudo cheio de água!
[53]
Tivemos anos que a gente perdeu tudo.
[54]
INF E ninguém nos dava um tostão.
[55]
Agora ainda dão mais à ge- umas ajudas.
[56]
E a gente não nos davam não nos davam nada.
[57]
INF A resteva é ao sol.
[58]
A gente cortava de manhã e d- e durante o dia,
[59]
estava dois dias assim alargado na terra.
[60]
E a gente chamávamos-lhe a resteva.
[61]
INF Não, não, não, não.
[62]
INF É
[63]
INF Era para para ele secar
[64]
e depois e depois a gente ia
[65]
e atava-o.
[66]
INF A gente atava-o aos feixinhos para carregar para o carro.
[67]
INF Carregávamos as carradas,
[68]
depois vinham eles vinham aqui para a eira,
[69]
e a gente malhava que nem
[70]
Fazíamos os colmeiros [vocalização]
[71]
INF Os colmeiros.
[72]
Era
[73]
INF Os colmeiros era endireitar o arroz todo ao direito.
[74]
INF Fica direito, pois, para o gado depois ir e [vocalização] .
[75]
INF Não senhor.
[76]
Ficava ao alto.
[77]
Depois deitado ficava ele quando a gente metia o gado,
[78]
porque ao depois era sacudido com uns ancinhos.
[79]
INF Que Com uns ancinhos e com forquilhas.
[80]
A gente sacudia
[81]
e depois ficava o grão em baixo.
[82]
Depois era limpo.

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