INF Porque aquele gado até se conhece nas feiras. Aquele gado conhece-se até nas feiras. Parece impossível mas aquilo conhece-se onde quer [vocalização] onde quer que eles tenham essa…
INQ Mas não, não havia?…
INF Até tem um [vocalização] tem uma umas características de- diferente de, do do nosso gado, está a compreender?
INQ Mas quando o gado nasce aqui, não vem, não, não punha uma marca na orelha?
INF Põem Põe [pausa] um brinco. [pausa] Mas i- isso, isso não não é quando nasce, é quando são vacinados.
INQ Quando são vacinados, pois.
INF Mas isso é só para nos prejudicar a nós. Porque se eu, por exemplos, eu tenho o meu gado todo vacinado e todos têm o brinco – o senhor, se chegar ali, vê: todos têm o brinco; tenho ali os papéis das vacinas, tudo legal dentro do [vocalização] de; aquilo dá para seis meses e o meu gado foi todo vacinado em Novembro, está a compreender?, porque tinha uns novilhos para vender e tive que os vacinar todos [pausa] por aquilo –, mas aqueles que andam aí, assim aos pulos de um lado para o outro, esses não é preciso vacinas, não é preciso guias, não é preciso nada.
INQ Ai não?
INF Pois não. O que é que julgava?
INQ Não, é que eu julgava que depois na feira…
INF Eles vão buscá-los ali à fronteira e [vocalização] aquilo eles lá passam de qualquer maneira e [pausa] com essa coisa. E aquilo
INQ Pois, não mas é que eu julgava que depois, na feira, todos tinham que ter o…
INF Ah, todos não. Então aquilo não é visto por ninguém! Aquilo se calha aparecer guarda-fiscal no caminho, sim, na estrada – não é? – eles vão ver aquilo. Depois vêem, perguntam papéis : "E papéis"?. Então, mas eles também não vão ver todas as camionetas, não vão ver o gado todo. Então Então agora, numa feira, iam lá ver o gado todo! Eh! Então aquilo… Para ali dois ou três e pronto. E [vocalização] parte de até das coisas, nin- ninguém pergunta por coisa nenhuma. Aquilo até já Aquilo até já se sabe. E p-
INQ Não, mas é uma pena. É pena, quer dizer, é pena só por causa tanto dos senhores que têm o gado para vender como das pessoas que depois que vão comê-lo, não é?
INF É. Que [vocalização] Pois, que o vão comer. Pois é. Isso é que é pena. Eu até não sei mas é até como não há fa-, sim, como o governo não se não olha para isso.
INQ2 Pois.
INF Não sei. É que, por exemplos, um comer- um comerciante chega ali – até mesmo esses comerciantes de frutas, que estão ali na praça –, se não tiverem facturas, aquilo é uma multa, logo uma coisa uma coisa forte. Vão ver aquilo tudo, fazer contas a ver se as facturas estão bem e essa coisa toda. Por exemplos [vocalização], eu – isto é uma experiência que é [vocalização] própria mesmo e [vocalização] verdadeira e concreta –, eu, aqui aqui há dois meses, vendi uns suínos que aí tinha [pausa] a três contos e duzentos [pausa] a arroba, ou seja, a duzentos e vinte escudos o quilo, está a compreender? Estes agora que vendi, [pausa] já foi a [vocalização] dois contos setecentos e cinquenta. Ora, já o Senhor Doutor está a ver,
INQ1 Mais quinhentos e trinta.
INF me- menos [vocalização] talvez quatrocentos e qualquer coisa de escudos ou quinhentos, talvez…
INQ1 Quinhentos e trinta.
INF Quinhentos e trinta escudos.