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ALV20

Alvor, excerto 20

LocationAlvor (Portimão, Faro)
SubjectOs barcos e a pescaOs peixes e outros animais marinhos
Informant(s) Apolinário Ápio
SurveyALEPG
Survey year1977
Interviewer(s)José Sobral Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INQ E um peixe que deveria ant-, devia antigamente subir por aqui, se calhar aqui havia Que parece uma cobra

INF1 Uma cobra? Uma eiró.

INF2 Ah! Eiró. É enguia

INQ1 Pois.

INF2 , é, no norte, e , é eiró. São dois nomes.

INQ1 Pois. Olhe, e

INQ2 Olhe e bocadinho falou num

INQ1 Aqui havia?

INF2 Havia e .

INQ1 Havia e ?

INF2 E . Havia e . E eu Havia muitos, mas como o rio está [pausa] assim um pedacinho estragado, mas ainda. Ainda . , bastante.

INQ1 E pescam-se aqui?

INF2 Pesca-se, quando calha. Assim, ele passa principalmente de Inverno [pausa] o que não havia de haver: as fisgas que arrebentam com elas logo em pequeninas.

INQ1 Ai é?

INF2 Que eu sou pescador e condeno. tenho ali uma vara para comprar uma fisga, mas [pausa] vejo que é injusto, não compro fisga. Elas arrebentam com elas pequeninas, porque estão no criadouro, estão nos olheiros, e eles vão, traçam. As pequeninas, traçam pelo meio que não têm utilidade nenhuma logo do tamanho duns alfinetes!

INF1 Põem sal para apanhá-las!

INF2 Pouco começam a crescer do tamanho duns alfinetes. Assim como tenham da grossura do dedo mindinho ou mesmo mais pequenas, eles [vocalização] arrebentam com elas todas, com a fisga. Nunca existiu a fisga! E é proibido. E os faróis Isto, isto está tudo mal! uns que andam hoje que apanham o linguado, desde pequenino, para três ou quatro homens que se dedica dedicam à bebida. Porque esses homens não querem trabalhar e andam sempre na bebida e vão ganhar quinze ou vinte mil réis, ou ou duzentos ou trezentos mil réis Esses, não pagam eles direitos ao Estado. Esses, não pagam eles direitos ao Estado. E matam o linguadinho desde o pequenino [pausa] até o grande, [pausa] desde que eles nascem! [pausa] Que gente para tudo. Enrolam aquilo com farinha e comem. Mas aquilo não lucro nenhum. o que é que eles ganham cinquenta ou setenta mil réis ou oitenta para bebida. Afinal aquilo é alguma fartura?! Mas então eles podiam ir mariscar de dia, com os pés apanhavam [pausa] cinco ou seis peixes daqueles, vendiam Era lucro [pausa] para quem comia e era lucro para toda a gente. Assim, matam logo em pequeninos que isto não vai parar nada neste rio. A um rio tão rico, não vai parar nada! Isto está num relaxo que ninguém faz caso disto. [vocalização] Hoje em dia ninguém faz caso do nosso rio de Alvor. Está desprezado. Numa terra de tanto pescador, ninguém olha. E às vezes a olhar: "Vai-se fazer aqui quê"?! "Eu não conheço ninguém". Se eu conhecesse, eu falava! Falava e sabia. E sabia pouco mais ou menos. Assim não sabia es- não sabia as palavras muito [pausa] políticas, mas falava como sabia. Sabia resolver o assunto, pouco mais ou menos.

INQ1 Pois era.


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