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CLC33

Caniçal, excerto 33

LocationCaniçal (Machico, Funchal)
SubjectOs peixes e outros animais marinhos
Informant(s) Acúrsio
SurveyALLP
Survey year1994
Interviewer(s)João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INQ Nos cachalotes, nos machos, aquilo que eles traziam dentro da barriga, que também era muito, que se aproveitava, não era?

INF É aquela [vocalização], aquela, isso é o [vocalização], isso não era o [vocalização] Isso não era o coiso, o [vocalização] cachalote. Era [vocalização] o [vocalização] [pausa] a fêmea.

INQ A fêmea é que tinha?

INF A fêmea é que tinha [vocalização] aquela coisa de [vocalização] ambre.

INQ Ambre.

INF Ambre. [pausa] A gente tirava [vocalização] Cheguei a tirar-lhe [vocalização] quarenta quilos dum, dum, dum cachalo-, duma duma baleia [pausa] pois, [pausa] de de ambre.

INQ E, portanto, entre o chegar aqui com o cachalote e parti-lo e ele derreter, quanto? Era uma noite inteira, que era preciso para um animal, ou, ou, levava-se mais tempo?

INF Para [vocalização] Para, quer dizer, para [vocalização] [pausa]

INQ Para cortá-lo, para desmanchá-lo todo.

INF para cortar? Não [vocalização] . Aquilo era um [vocalização] [pausa] uma hora ou hora e meia de tempo, a gente cortava um [vocalização] um cachalote. Um cachalote de dez, doze metros [pausa] não demorava uma hora. [vocalização] Era s-, se-, sei- seis, sete pessoas em acima dum cachalote. Aquilo era um [vocalização] era um, era um [pausa] uma limpeza. Era um instante.

INQ Depois aquilo ia para umas caldeiras, era?

INF Depois aquilo era tudo cortado. E tinha-se os os tanques [vocalização] ao [vocalização] mesmo ao lado [pausa] Está-se a cortar e está os outros rapazes a puxar. . [pausa] Aquilo o que um cortou, ele vai pôr pondo no caldeiro. Cortou, vai pôr pondo no caldeiro: o toicinho para uma banda, carnes para outra.

INQ O que é que ia para uma banda que eu não percebi?

INF [vocalização] É [vocalização] as carnes [pausa] As carnes [pausa] de da baleia [pausa] vai para um tanque; [pausa] ossos, para um tanque; [pausa] o [vocalização] o toicinho vai para outro; [pausa] o [vocalização] óleo, o, o toicinho, o [vocalização] coiso, o [vocalização] o óleo da cabeça vai para outro [pausa] tudo tudo separado. [pausa] Porque o óleo d-, do toici- da cabeça é um óleo que gela. [pausa] Fica gelado. Depois de [vocalização] de ser cozido, gela. E o toicinho, [vocalização] fi- fica sempre líquido, [pausa] sempre líquido. [pausa] E então [vocalização], a gente pegava no [vocalização] nessas carnes [pausa] e nesses ossos [pausa] aquilo era [vocalização] ele tinha-se uma imprensa [pausa] para imprensar aquilo para espremer o [vocalização] aquelas águas. [pausa] Depois daquela, da da imprensa, ia para um secador, [pausa] secar. [pausa] Depois tinha-se o moinho. [pausa] Aquilo moía e saía em cima no [vocalização], num [vocalização] num peneiro. Peneirava [pausa] fina para uma banda, grossa para outra. [pausa] Depois tinha [vocalização] os rapazes todos a encher, a ensacar aquela farinha [pausa] que era para transportar para [vocalização] para o estrangeiro, para [pausa] para fazer ração para [vocalização] para gado: para vacas, porcos, galinhas. Pois.

INQ E esse óleo era embarcado aqui directamente ou ia para o Funchal?

INF Era. Era aqui. Aqui mesmo.

INQ Era aqui mesmo.

INF Era aqui mesmo. [pausa] Vinham barcos Vinha Vinham aqui barcos buscar.

INQ Dentro de barris?

INF Sim senhor.


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