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COV09

Covo, excerto 9

LocationCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Arquibaldo
SurveyALEPG
Survey year1992
Interviewer(s)Gabriela Vitorino Luísa Segura da Cruz
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

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INF O meu sobrinho é um moci- é um mocito que tem onze anos.

INQ1 Coitado.

INF Est-, esteve Olhe que está um ano no hospital, no Porto, no Santo António. E agora [vocalização] a doutora, que é a doutora Belisa, mandou-o para a Inglaterra.

INQ1 Rhum-rhum.

INF E ele foi mais a mãe. O pai anda na França; o irmão anda na França ; é a minha irmã é que está . E nós, ajudá-los? Pff, o que é que a gente lhe há-de fazer?

INQ1 Coitadinho!

INQ2 Coitado!

INF E o mocinho, olhe, agora, veio agora, foi na sexta-feira com dois buracos um de cada banda da espinha, nas costas. Tiraram-lhe a medula!

INQ2 Ah!

INQ1 Para análise, não?

INF Não, não. Tiraram-lhe a medula porque ele sofria daquilo. E aquilo é que lhe dava ca- Olhe, largou o cabelinho da cabeça duas vezes!

INQ2 Coitadinho!

INF Ficou tal e qual, que nem

INQ2 Pois.

INQ1 Pois, pois.

INF E agora, [vocalização] tiraram-lhe a medula, porque ela tele- a doutora Belisa telefonou para a Alemanha, não havia, telefonou para a França, não havia, telefonou para a para a América, não havia, telefonou para a Rússia e não e havia, [pausa] para acudir ao mocito! , mas depois, na Inglaterra, telefonou para a Inglaterra, não não havia, mas depois apareceu logo três pessoas a dar-lhe a medula.

INQ1 Ah!

INQ2 Ah!

INF E depois o doutor que é o doutor [pausa] é o doutor da Inglaterra, é o doutor Artaldo Não! É o doutor Artaxerxes! , o doutor Artaxerxes foi, telefonou para a para o Porto, para a doutora Belisa, que tinha três.

INQ2 Ah! Pois.

INF Que mandasse a criança para . E então foram.

INQ2 foram para ? estão?

INQ1 Foram.

INF Foram. Foram e foram e vieram.

INQ1 Ah! E então?

INF Foram e agora Agora tiraram-lhe a medula dele. Agora estão à espera; vai amanhã para o Porto é a minha sobrinha com o mo- com o mocito, para essa Belisa ver que ele está quinze dias sem tratamento , para ver o, o se é preciso tratamento e para ela telefonar para o para a Inglaterra, quando é que vão, [pausa] outra vez.

INQ1 Pois, pois.

INF Sabe quanto é que se gasta na operação?

INQ1 Calculo!

INQ2 Ah, imagino!

INF Trinta e cinco mil contos. Trinta e cinco mil contos!

INQ2 Meu Deus!

INQ1 E a, e a Providência alguma coisa, ou não?

INF Arre porra! Nem me diga isso! [vocalização] Nós

INQ1 Não nada?

INF Então não ?! Então, olhe que ela nem nem a pensão paga! Nem a viagem paga!

INQ1 Que sorte! Mas olhe que às vezes não pagam.

INF Mas Mas o pai pagou

INQ2 Às vezes não pagam.

INF Logo Agora logo de entrada, deram-lhe três mil contos.

INQ1 Agarra aqui.

INF Veja . Deram-lhe três mil contos.

INQ1 Ah! .

INQ2 .

INF Foi, foi. E agora, coitadinhos, estamos a ver.

INQ1 Pois.

INQ2 Pois.

INF Trinta e cinco mil contos que a que a, que a operação

INQ2 E que idade tem o rapazinho?

INF Onze.

INQ2 Onze anos. Coitadinho!

INQ1 Coitado.

INF Ai, mas é muito fino! Olhe que ele andava na escola, e agora, assim doentinho, e vir os outros da escola o meu neto e os outros e ele vai ver o que as professoras dêem e o que elas ensinaram e ele fá-lo.

INQ2 Lhe ensinaram.

INQ1 E ele faz tudo, consegue fazer como se estivesse.

INF Ele faz tudo. E [vocalização] está E está tal e qual. Ele sabe tanto Eu acho que ele sabe mais que os que se andam .

INQ1 Pois.

INQ2 É esperto, o miúdo!

INF É mui- muito fino, aquele miúdo; é muito esperto! É.

INQ2 Pois.

INF Pois é assim. Mas o pai, coitado, anda na França. A mãe, o [vocalização] O irmão também anda! E [vocalização] arranjou-se Nós também lhe emprestámos algum. E pronto!

INQ1 Coitado!

INF É família!

INQ2 É família!


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