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COV12

Covo, excerto 12

LocationCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Arquibaldo
SurveyALEPG
Survey year1992
Interviewer(s)Gabriela Vitorino Luísa Segura da Cruz
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

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INF Ela ouviu, ouviu , ouviu e virou-se para ele e diz assim: "Olha, ou tu obedeces a este pedido, ou nunca mais aqui tornas". Ela para ele: "Ou tu obedeces a este pedido, ou nunca mais aqui tornas. Coitado do homem. Então estás a ver se lhe morrer o filho fora, como ele é"?! Morria a gente nossa fora!

INQ1 Claro.

INQ2 Pois.

INF Diz ela: "O que é que Tu se lhe dás algum jeito". E ele riu-se. E ele: "Tu queres que eu perca o pão por causa dum soldado"? Diz ela: "Não perdes nada! Tu vai e fazes [vocalização] E não tenhas medo". Foi isso. "O senhor quando vai embora"? Digo assim: "Ó meu tenente, eu [pausa] vou domingo" isto foi numa sexta-feira , " vou domingo"! "Pronto, o senhor, ao domin- no domingo, às duas horas" que era o Viseu que passa ali que vai para Vi- para ; [vocalização] para chama-se mesmo o Viseu, a camioneta , "você [vocalização] apareça , no jardim, em baixo". Eu fui, esperei. À noite, o meu filho vinha do [vocalização] do mato, de coiso, das instruções, era companhias a vir, companhias e companhias, e companhias, e companhias, e eu não o conheci. o conheci quando ele ia a entrar ao, ao à porta de armas, é que ele alevantou assim o braço e é que eu o conheci. O moço foi entregar a espingarda, entregar as coisas dele, veio para fora: "Você que anda por a fazer"? "Olha, é assim, assim, assim". "Oh! Ó pai, vá-se embora, homem! Tenha juízo! Então você ia Então você cuida que Então foi lido a ordem, e então você cuida que me tira de ?! Eu tenho que ir. Há-de ser o que Deus quiser. Eu tanto posso morrer ou não morrer, mas [pausa] tenho que ir. Se eu não Há-de ser o que Deus quiser". "Eu tenho que tu que não vais ". "Não, pai"! "Não ande a gastar dinheiro". [pausa] Pronto, me fiquei. Quando foi no Quando foi no domingo, às duas horas, eu fui para o jardim, havia muita gente muito mundo, muito furriel, com aquela gente , eu não estava à espera. Ela veio, ela carregou para sete ou oito pessoas, com batatas, com hortaliça, que ela tinha uma quinta, boa, aqui San- em Santa Cruz da Trapa. Carregou aquilo tudo, ia-se tudo, deu-me um balãozito para levar [pausa] na mão, como essa pedra. Uma coisita na mão. Diz ela: "Venha". Eu abalei mais ela, diz ela assim: "Você descanse que o seu filho não vai fora". Oi, quando me ela disse aquilo! Ai, Jesus! "Não diga isso, senhora Berenice". "É verdade. Na altura que o seu filho for fora vou eu no lugar dele"! Ai! "Mas nós vamos para casa que ele está ". Chegamos a casa e ele estava sentado, eu pedi licença outra vez, ele mandou-me assentar e esteve a conversar mais eu, diz ele: "Olhe, o seu filho não vai fora. O seu filho, eu tirei-o Eu fui a Tomar, arranjei um militar e tirei-o de . Ele agora não vai. Mas na segunda-feira, quando ele era para ir para fora, ele sai primeiro que os outros, mas vai para Coimbra. Vai para Coimbra, para, para Tom- [vocalização] para Coimbra para o Centro de Mobilizações". Digo eu assim: "Mas ele ainda vai" "Não vai mais! Você não, não descanse que ele não vai mais". E eu disse: "Ó, ó Ó meu tenente, quanto é que eu tenho a pagar"? Digo eu: "Quanto é que é o seu trabalho, meu tenente"? Diz-me ele assim: "Olhe, você a mim não me paga nada. Se quer dar alguma coisa é a ela! A mim não me paga nada". [pausa] Diz ela assim: "Eu não quero nada"! Digo assim: "O quê? Não, a senhora tem que pegar". "Não quero nada". Eu fui, agarrei naquele conto [vocalização] Fiquei com um conto de réis, agarrei em sete contos e dei-lhos. Ela não queria pegar mas eu meti-lho na mão e disse: "Olhe, isto é para o almoço. Para o jantar ainda estou. Isto é para o almoço". Naquele tempo, era muito dinheiro!

INQ1 Pois.

INQ2 Pois.

INF Agarrei e digo assim: "Olhe, isto é para o almoço, que para o jantar ainda eu estou". Ele começou-se a rir e eu despedi-me dele, vim-me embora. Vim-me embora, o meu filho ao outro [vocalização] , na segunda-feira,

INQ1 Foi para Coimbra.

INF Coimbra. Coimbra. Esteve três meses. Ao fim de três meses, mobilizado para fora.

INQ1 Ah! Que horror!

INF Mobilizado, mas ele Ela disse: "Olha que tu" [vocalização] Ela disse para ele: "Olha que tu, se fores mobilizado, escreve-me, telefona-me ou escreve-me logo uma carta imediatamente, que eu vou ". Ele telefonou-lhe, estava mobilizado, ela Ele estava à porta de armas e ela chega ela! "Ó Arquimedes, então estás aqui"? "Estou Estou-me. [vocalização] Ó senhora Berenice, eu estou aqui". Diz ela assim: "Dás licença que eu dentro"? Diz ele: ". Entre". Ela entrou à porta de armas, voltou Voltou, ele ele ainda estava à porta de armas quando ela veio, ela bateu-lhe assim no ombro, diz ela assim: "Olha, tu não vais mais fora. Quando tu fores, vou eu! Eu vou e tu ficas"! Assim, a rir-se logo. Olhe, passou ali o que anda À noite, às seis horas, foi chamado ao Centro de Mobilizações, e dizem para ele: "Olha , tu não te- porque é que tu não disseste que eras filho único e que, que que não querias ir para fora? Então tu [vocalização] Veio aqui uma carta, assim, assim Olha, tu se precisares de alguma coisa Tu não vais para fora! Vai outro e tu ficas! E quando precisares de alguma coisa E vais passar mais o tempo em casa"! Assim foi: se estava oito dias, estava aqui quinze.

INQ2 Ora.

INQ1 Pois, pois.

INF Estava oito dias Olha, passou o tra- o tempo dele que foi uma beleza, sabe? E depois eu tornei e agradeci-lho bem agradecido. Olhe que ele chegou-me a dizer assim: "Nunca vi um homem pagar tanto como este homem! [pausa] O bem que ele queria ao filho"! Ah, pois! Pois eu, era aquele o filho!

INQ1 Claro, era o único.

INF E ele veio da, acabou o tempo dele, veio da da tropa, foi para a França.


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