INF Sou um pobre e [vocalização] não tenho letras para isso, não tenho condições, claro. Eu sou um infeliz. Sou doente, sou um infeliz. [vocalização] Pois. Vamos indo. Eu já não devo viver outro ano.
INQ Isso é que é falar. Porque não?
INF Porque eu sou muito doente. Assim é que aí andava o meu irmão. [vocalização] Andava, andava, andava… E esse trabalhava, mas não se queria fazer ruim, não queria dar mostrar as doenças que tinha. Queria ainda ser como quando era novo. Quando mal se não descuidou, foi-se embora.
INQ Pois.
INF Agora eu não sou desses. Eu sei que não presto. Não presto, não me vou comparar com quem é bom. Pois. Sim senhora! É assim mesmo. Não Eu não posso trabalhar, não trabalho.
INQ É, é, faz muito bem.
INF Estou ganhando cento e vinte escudos – [pausa] um conto e duzentos – da Casa do Povo.
INQ Um conto e duzentos…
INF E vou-me assim temperando. E pronto. Vou indo, conforme posso. Tanto se me dá a mim que me deiam mais valor, bem como deiam menos. Eu não quero saber disso. Eu sou o que sou e não sou mais nada senão o que sou. Mais nada. E pronto.
INQ Pois.
INF Com a diferença que há aí muita gente… Querem por força ser mais do que eu! Ora serão, então.
INQ Deixe-os ser.
INF Pois.