INF É uma pesqueira, vá, que é um uma coisa [vocalização] que veda, que está ao ao desnível. A água de cima fica mais encorada de que a água de baixo, não é?
INQ Mas ela está nessa pesqueira?
INF Pois, é nessa pesqueira. Por exemplo, agora o rio cresceu; continua – não é? –, esborda, a pesqueira. Mas no Verão, [vocalização] não. [vocalização] No Verão, fica encorada na pa- na parte de cima, e na parte de baixo lá fica só a que tem.
INQ Portanto, naquele sítio onde ela está encorada é a pesqueira.
INF É a pesqueira.
INQ E depois como é que a traz para aqui? Da pesqueira como é que ela vem para aqui?
INF Ora bem, ela encora e vem ter aqui ao pejeiro onde eu tenho para pôr a azenha a moer.
INQ O que é que a traz até ao pejeiro?
INF [vocalização] Ela própria. [pausa] Quer dizer…
INQ Não tem assim uma coisa mais estreitinha para ela ir?
INF Não, não, não, não. Ela encora ali.
INQ Sim.
INF Vai… Eu tapo muito bem a tal pesqueira – não é? –,
INQ Sim senhor.
INF muito muito bem tapadinho, e [vocalização] e a água chega ali – não é? –, já não já não vai para baixo, para o rio de baixo, tão com facilidade, não é? Começa a encorar , a encorar, a encorare ela depois vem,
INQ Corre para aqui?
INF corre para aqui.
INQ Corre até aonde? Àquela coisa que a senhora diz que pode abrir ou fechar?
INF Pois. Ora bem, se for um Verão muito seco, é preciso encorar muito, [vocalização] muito tempo e [vocalização] e depois dá assim um poucochinho de tempo para para moer; se o Verão não for assim muito seco, – quê? –, duas horas já encora, já eu posso moer aí uma hora, ou duas horas. Já me dá para eu moer [pausa] um bocadinho. No Verão é assim. É É praticamente aos encoros.
INQ Mas há algum sítio que viu que abre e fecha para ela poder encorar, ou ela?…
INF Não, não, não, não. Ela é que vem directamente.
INQ Directamente.
INF E eu, ela é encorada aqui e depois vem directamente para o pejeiro. Sim.
INQ E no pejeiro a senhora levanta e baixa, é isso?
INF Sim, sim. Levanto ao nível [vocalização], o que precisar para moer a azenha.
INQ Portanto, o pejeiro é uma tábua de madeira ou é um?…
INF É um [vocalização]… Bem, é ma- é mais do que uma tábua.
INQ Tem que ser mais.
INF São do-, do- São dois barrotes e depois umas tábuas atravessadas, [pausa] até até tapar a água em baixo;
INQ Rhum-rhum.
INF e depois em cima leva outros três travessinhos para a gente meter a tranca para, um pau, vá, uma que chamamos nós uma tranca, para levantar para cima.
INQ Portanto, a senhora mete um pau ali que é para poder levantar do pejeiro?
INF Pois. Para poder levantar. Sim.
INQ Depois a água sai do pejeiro e vai bater aonde?
INF Vai por baixo bater numa ro- na roda que está aí [pausa] lá fora.
INQ Essa roda tem, está dividida em partes?
INF Não. Essa roda está [vocalização], ora bem, [vocalização] montada num num, chamamos nós um eixo,
INQ Sim.
INF que vem aqui de baixo, que chamamos nós o cabouco, que já tem…
INQ Que é a parte de baixo do moinho?
INF Pois, por a parte de baixo do moinho. Que tem [vocalização], vá lá, um ferro – não é? –, está em cima dum pau, aquele ferro está ali colocado e [vocalização] e depois tem um carrinho para cima, que é que faz depois moer aqui a pedra.