INQ Explique-me lá como é que era esse, esse moinho do, do linho.
INF O moinho do linho… Sei lá! Não sei como é que lhe hei-de explicar. É uma coisa [vocalização] de madeira que que se colocava e tirava-se, [vocalização] quase como a limpadeira do do milho. Só que depois andava era ali uma coisa de de redor, tinha assim umas caninhas. O linho E depois à frente do homem que estava a moer o linho, tinha assim uma tábua [vocalização] larga – ainda parece que estou a ver –, larga. E o homenzinho então pegava numas manadinhas de linho e colocava ali por aquela parte de larga da tábua e metia… [vocalização] Aquilo começava andava e a parte redonda que andava apanhava o linho e ficava, moía, moía naqueles trilheirinhos que tinha, não é? Aquilo era uma ro- uma coisa la- [vocalização] redonda, só que tinha assim uns risquinhos uns . E o linho andava ali a a maçar, a maçar, a maçar. Quando ele via que o linho que estava a ficar já bastante moído, tinha um gancho, leva- começava a [vocalização] levantar com o gancho aquele linho que estava ali a moer. Depois começava a sacudir, a sacu-, a sacudir para sair as [vocalização] arestas – chamávamos nós as arestas – de do linho e [vocalização] metia-o até assim metido nos braços, fazia assim para um lado, para o outro, e o e sempre a trabalhar, sempre a trabalhar na, na no moinho – não é? –, do do linho. E ao fim, quando ele via que já estava pronto, começava a arrancar, a arrancar, a arrancar, e fazia assim umas meadas, entrava para o lado, tornava outra vez a meter outro. Aquilo era bonito! Era bom tempo que… Era um tempo alegre, um tempo que… Juntava-se muita gente! [vocalização] Enfim, agora é muito diferente [vocalização]!
INQ Para, para o linho?
INF Para o linho, sim.
INQ Para o grão não? Para, para moer a farinha não?
INF Era todos Todos os dias, todos os dias. Também para moer a farinha, também havia muita gente que vinha trazê-las a casa.