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GIA27

Gião, excerto 27

LocationGião (Vila do Conde, Porto)
SubjectA agricultura
Informant(s) Cosme Cunegundes
SurveyALEPG
Survey year1993
Interviewer(s)Manuela Barros Ferreira Luísa Segura da Cruz
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 Costuma deixar a terra a repousar dum ano para o outro?

INF1 Para milhos, põe-se sempre a terra melhor, porque é uma cultura funda, porque é uma cultura rica. Para centeio, não sei se a senhora sabe disso, porque centeio chama-se pão-macho. ouviu falar nalguma vez nisso?

INQ1 Não, não.

INF2 É semeado debaixo, não é?

INF1 Então a senhora pode tomar nota que sempre que se trate [pausa] de centeio, aveia, trigo, toda essa cultura que é feita

INF2 Cevada. E aveia.

INF1 Aveia, que é feita, chama-se pão-macho. E que é próprio para as terras fracas, para as terras mais pobres.

INQ1 O con-, o trigo também?

INF1 Também.

INQ2 Ai o trigo também?

INF1 Ah pois, o trigo é muito primo do centeio.

INQ2 Rhum-rhum. Pois é.

INF1 É muito primo do centeio. Tudo isso chama-se pão-macho. E esse é é, é, é posto nas terras mais fracas sempre.

INQ1 Está bem.

INF1 É porque isso sabe, minha senhora? é uma cultura que nem pode ser muito adubada.

INQ1 Pois.

INF1 Porque se for muito adubada, cai; fica forte demais, cai e apodrece todo e não se pode segar. Enrosca Engrossa tudo.

INF2 É. A aveia até se em qualquer valozinho.

INQ1 Olhe e, mas costumam deixar repousar a terra um ano, por exemplo, entre dois?

INF1 Não, não, não. Não.

INQ1 É sempre aproveitada a terra?

INF1 Sim. Sim. Porque a nossa terra também um contra-senso nisso. [pausa] Quando as terras pobres têm necessidade de descanso,

INQ1 Esta não é.

INF1 e algumas permitem estar dois ou três anos, as nossas terras não se pode fazer isso, porque elas enchem-se logo de braveza. Enchem-se logo de braveza! As nossas terras quanto mais cultivadas Até as nossas terras devem ter duas culturas por ano: [pausa] que é [pausa] o milho ou o trigo e a erva.

INF2 Devem de ser! Sempre, sempre cultivadas.

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 Porque depois semeia-se-lhe a erva, que é o azevém, e que o azevém não deixa vir a grama brava nem as ervas bravas.


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