GRJ29

Granjal, excerto 29

LocalidadeGranjal (Sernancelhe, Viseu)
AssuntoA saúde e as doenças
Informante(s) Elina Ercília Emanuel

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INF1 E São Lázaro?

INF2 É verdade.

INF1 E São Lázaro. São Lázaro foi pedir ao rei, a casa do rei. Estava num banquete. [pausa] E vieram, diz que não havia nada que lhe dar. Acenderam-lhe os cães.

INF2 É verdade.

INF1 E São Lázaro abriu-lhe abriu-lhe a capa e os cães foram lamber Na vez de morderem, lamberam-lhe as chagas.

INF2 Lamberam-no. Na vez de o morderem, lamberam-no [vocalização] as chagas todas que tinha.

INF1 As chagas. Aquelas chagas. E não deram nada ao pobre. [pausa] Nosso Senhor foi pedir à casa do rei. De pobre.

INF2 É verdade.

INF1 "Não venha " "Não Não tem lugar"! [pausa] Os ricos estão no inferno!

INF2 Ai isso estão! Depois, olhe

INF1 Um pobre Um pobre, do poucochinho que tivesse, o pobrezinho, olha, está bem.

INF2 Ó tia Elina! Ele foi foi pedir a casa do rico e o rico disse-lhe que não tinha nada para lhe dar. Estava num banquete muito grande!

INF1 Pois.

INF2 E depois acenderam-lhe os cães.

INF3 Esta sabe, esta sabe.

INF1 Não. [vocalização] Os cães foi a Lázaro.

INF2 Ah, foi a Lázaro? Mas, mas

INF1 Nosso Senhor

INF2 É Nosso Senhor

INF1 Depois Nosso Senhor, como lhe ele disse que não havia nada, voltou.

INF2 Foi vestir-se de rico.

INF1 Foi-se preparar.

INF2 Vestiu-se de rico.

INF1 Preparou-se de senhor.

INF2 Nem ele podia. Vestiu-se de rico que que não havia nenhum como ele.

INF1 A criada veio A criada veio

INF2 A criada foi a correr: "Ai, vem ali um senhor"

INF1 "Está ali um senhor".

INF2 "Vem ali um senhor muito asseado. Vem ali um senhor muito asseado"!

INF1 "Está ali um senhor. [pausa] Que entre"!

INF2 "Diga-lhe que entre, que entre"! Todos lhe davam as cadeiras melhores, a puxarem-lhe a cadeira.

INF1 Logo lhe puxaram da cadeira e do prato. E Nosso Senhor disse assim: "Minhas mangas comei aqui que a vós vos honram mais que a mim".

INF2 "Que a vós vos honram a mais que a mim".

INF1 "Porque é que o senhor disse isso"? "Porque eu vim aqui pouco pedir de pobre, não tive nada. Não tinham nada que me dar. Nem tinha Nem tinha lugar. E agora de tudo. tenho lugar".

INF2 "E agora de tudo". Olhe

INF1 Ficaram .

INF2 Tinham um galo grande assado e estava na mesa. E eles disseram assim Um começou assim: "Ai, olhai que é Cristo. Diz que anda Cristo pelo mundo. Olha que é Cristo. É Cristo". E eles, os outros diziam: "É agora Cristo. Então, ele há-de ser tanto Cristo como este galo há-de cantar". O galo assado na travessa levantou-se e cantou três vezes. Bateu as asas e cantou três vezes. Foi que então tudo acreditou que era Deus. É que a vida de Cristo é muito grande e muito linda.

INF1 Pois, Deus Deus deixou tudo no mundo.

INF2 assado, minha senhora. estava assado e pronto para o comerem. Mas como ele apareceu e os uns acreditavam: "Ai, diz que é Cristo que anda pelo mundo. Agora Cristo anda pelo mundo. E olha que é Cristo", o aqueles que eram crentes. "É Cristo". E o outro dizia assim: "É tanto ele ser Cristo como este galo agora levantar-se aqui na travessa e cantar". E ele levantou-se, bateu as asas três vezes e cantou três vezes. E tornou-se a deitar na travessa. E foi que eles então disseram: "É Deus. É mesmo Cristo". Isto é Isto é que é mesmo Cristo, porque senão o galo, assado e tudo

INF1 Pois é. Oh!

INF2 E a vida de Cristo é muito linda e tem muita coisa que contar.

INF1 Olhem eu, eu é que quero crer.

INF2 Eu também.

INF1 Sou meia meia feiticeira.

INF2 Risos

INF1 Sim, feiticeira, não. Sim, crendeira.

INF2 Crente, é crente.

INF1 Crendeira.

INF2 É crente.

INF1 Quando for a saber num ar, ou num quebranto, ou num olhado, coisa assim. Se me ensinarem isto ou aquilo para fazer Mal, não. Isso então desisto. Agora pela minha saúde, eu vou. Vou até Nem sei! Ao cabo do mundo.

INF2 Ao cabo do mundo. Coitadinha!

INF3

INF1 Sabe onde é que outro dia fomos? [pausa] Longe, longe, longe, que eu estava cheia de andar, andar.

INF2 Ai foi?

INF3 Foi.

INF1 Ao padre?

INF2 Encontrou-se Encontrou-se melhor?

INF1 Oh! Na mesma.

INF2 Pois é. Isso a coisa assim não Bem

INF1 Ele disse assim

INF2 Ele, pode ser

INF1 Ai, havia tanta gente, tanta gente, tanta gente!

INQ Um padre?

INF1 Que aquilo

INF2 Que é um padre.

INF3 Que é , é é É ali para o de

INF1 É para de Celorico.

INF2 É para de Celorico.

INF3 É para o lado ali para o lado de Penamacor.

INF1 Para de Celorico.

INF3 Diz que é ali para o de .

INF2 Diz que têm sarado muita gente, mas

INQ Mas é um padre?

INF3 É um padre, é um padre.

INF2 Diz que é mesmo um padre.

INF1 Mas era um padre.

INF3 É um padre.

INF2 Que era mesmo um padre.

INF3 Ele esteve no Ultramar.

INF1 E depois

INF3 E no Ultramar foi preso pelas tropas.

INF1 E ele

INF3 Porque ele diz que curava muita gente, fazia muito mesmo. Fazia muita coisa, curava muita gente. E depois prenderam-no. Prenderam-no, tiveram-no preso muito tempo. Mas ele mesmo preso que dizia: "Podem-me fazer o que quiserem, porque todo aquele doente que vier ao da minha porta e eu puder"

INF2 "Que venha com ".

INF3 "Que venha com , eu curo-o e ele vai-se embora curado".

INF2 Com . Pois.

INF3 Então começaram a levar cli- clientes. Para verem o senhor padre.

INF2 No Carnaval muita gente!

INF3 E ele agarrava [pausa] Vinham para fora curados. Até que por fim deram-lhe a liberdade, prontos.

INF1 Agora

INF3 No cabo, agora veio para quando foi esta coisa daquilo nos tirarem as colónias.

INF1 Põe a mão na cabeça da pessoa.

INF3 Ele veio para e ali está, ali perto de Penamacor.

INF1 Põe a mão na cabeça duma pessoa

INF2 É. Pois.

INF3 É uma terra para de Penamacor. Mas esse homem tem para curado gente que é uma coisa por demais!

INF1 Beijei-lhe a mão!

INF2 Pois.

INF1 Ele põe a mão na cabeça da gente e ele diz assim. Ele diz assim:

INF2 É É como o outro padre Ésquilo em Lisboa.

INF1 "Eu não sou santo! Eu peço ao Senhor [pausa] as graças. [pausa] As que tem sorte de sarar, que é a sua sorte, sara; quando não tem, ficamos assim mesmo. Pronto"! Olha é a .

INF2 É a de Deus deles.

INF3 Pois, pois.

INF1 Afinal das contas, estava tanta

INF3 Mas o que é, ele diz que não receita nada.

INF1 Tantos retratos de lhe irem agradecer.

INQ Mas a senhora foi porquê?

INF2 Como ela é mouca, a ver se ouvia, coitadinha.

INF3 Pois ela foi também por isso.

INF2 Estou-lhe a dizer que vossemecê que foi por causa de doente e de ser mouquinha. [pausa] Ela é muito surda.

INF1 De todo! Ai meu Deus! Ai meu Deus! E surda, muito surda, Nosso Senhor!

INF2 Ela não era surda! Ela não era surda! Era linda, quando era nova! Quando era nova era muito bonita!

INF3

INF1 Mas então, olha, eu não estou arrependida de ir.

INF2 Ela está velhota e ainda hoje não é desengraçada!

INF1 Se calhasse a tornar a ir, ainda tornava a ir! Risos

INF2 Ainda torna ela.

INF3 Ainda torna.

INF1 Diz que esteve na Pra- na Lapa um padre a apregar não sei quem foi que me disse , quem fosse àquele padre que ficava excomungado. Eles é que são excomungados!

INF2 Oh, elas são doidas!

INF3 Não, mas olha que .

INF1 Então o padre não receita nada.

INF3 E olha que o padre Estácio falou nisso.

INF2 Falou?

INF3 Falou, sim senhor.

INF1 ?

INF3 O padre Estácio falou, deu o toque nesse padre.

INF1 Então, ele não receita nada, ele não leva nada a ninguém, [pausa] ? propõe.

INF2 Eles têm esse vício.

INF1 Eu não ouvia nada mas as que foram comigo ouviram o que ele dizia, não é? Então não leva nada.

INF2 Pois não. Não aceita nada a ninguém.

INF1 Depois o Senhor a beijar àquela Fazem aquela ali fila, ali, pessoal que está, e o Senhor a beijar. Põe a mão na cabeça da pessoa, bota a bênção.

INF2 Não faz mal a ninguém.

INF1 Nem leva dinheiro, nem receita nada, nem coisíssima nenhuma. É como ele diz: "Eu peço as graças ao Senhor"! [pausa] Claro, havia tanta gente e havia tantos retratos de cima duma mesa, é porque alguns alguns benefícios fez.

INF2 Pois.

INF3 Sim, pois claro.

INF1 Sim, não é?

INF3 Pois.

INF1 Agora, que ficava excomungada. Eles é que ficam excomungados. [pausa] Eles é que são excomungados. Ele não leva nada a ninguém. E diz missa todos os dias numa capela. E estava outro padre. [pausa] foi cumprimentá-lo, estiveram a conversar, mas nós não fomos.


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