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LUZ27

Vale Chaim de Baixo, excerto 27

LocationVale Chaim de Baixo (Odemira, Beja)
SubjectO porco e a matança
Informant(s) Cirilo
SurveyALEPG
Survey year1995
Interviewer(s)Luísa Segura da Cruz Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 Quando se vai buscar o porco para matar, é o dia de quê?

INF O vai-se buscar ao chiqueiro. É o dia da matação. Pois. [pausa] Vamos matar o porco. "Olha, hoje é dia de matação"! Pois.

INQ1 E chamam uma pessoa especial para matar o porco?

INF Pois chamam [vocalização].

INQ1 Que é o quê?

INF É o matador.

INQ1 Então, e depois o que é que lhe fazem ao porco?

INF O que é que fazem ao porco? Então depois fazem

INQ1 Como é que se mata o porco? O que é que se faz a seguir?

INF Então matam o porco, metem tiram-lhe o sangue, aparam para dentro dum Naquele tempo, era com, com um com um colherão. Arranjavam um colherão de pau de, de de urze, faziam um colherão grande, iam mexendo o sangue. Mexiam, mexiam, mexiam, mexiam, mexiam, mexiam, mexiam

INQ1 E punham dentro alguma coisa?

INF Não. Não punham nada.

INQ1 Nada.

INF Nada.

INQ1 mexer.

INF mexer. Não punham nada. Pois. Hoje é que põem umas confecções: põem um sal, põem um pingo de vinagre e mexem. Aquilo depois E até nem sequer é preciso mexer, bandeando duma banda para a outra, aquilo deixem aquilo naquilo, coalha não coalha.

INQ1 Não coalha.

INF Não coalha. E agora é E naquele tempo era: mexiam, iam mexendo, mexendo

INQ2 Com pau de urze?

INF com, com, mexendo dentro da panela. Mexiam, mexiam o sangue dentro da panela. Mexiam, mexiam dentro dum coiso. Pois. Mexiam, mexiam, mexiam, mexiam, mexiam, era até o sangue arrefecer.

INQ1 Rhum-rhum.

INF Ainda agora uma pessoa para ali bailava com aquilo. Pois. Era assim que usavam. E depois foi foram descobrindo, foram descobrindo coisas, foram descobrindo coisas Agora hoje é: matam um porco, aparam-lhe o sangue, prantam-lhe para ali uma mancheia de sal ali para dentro,

INQ1 Pronto.

INF pronto! Vão bandeando nele, [pausa] bandeando no sangue Acabou-se Acabou-se de bandear o sangue ali um pouco, podem-no deixar que não coalha.

INQ1 Não coalha?

INF Pois.

INQ1 Então e depois o que é que se fazia ao porco?

INF Que é que se fazia ao porco? Então depois cortavam-no.

INQ1 Não, mas antes.

INF Antes? Então antes Então antes [pausa] desmanchavam-no.

INQ2 Não, aquilo para limpar.

INQ1 Para limpar o porco, por fora?

INF Ah, por fora?

INQ1 Sim.

INF Então era raspado. Chamava-se raspar.

INQ1 Com quê?

INF Primeiramente apanhavam-se carqueijas. Ia-se ao mato, apanhava-se um feixe de carqueijas ou dois e trazia-se. E depois era chamuscar. "Vamos chamuscar o porco"!

INQ1 Pois.

INF Pois. Eles até nem sequer diziam chamuscar, diziam afoguear. "Vamos afoguear aqui o porco"!


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