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LUZ45

Vale Chaim de Baixo, excerto 45

LocationVale Chaim de Baixo (Odemira, Beja)
SubjectOs animais bravios
Informant(s) Cirilo Cloé
SurveyALEPG
Survey year1995
Interviewer(s)Luísa Segura da Cruz Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 Isso ataca. Atacava os rebanhos das ovelhas.

INQ2 Isso é mesmo. Antigamente, aqui não devia haver.

INF1 Ah, este era o lobo.

INQ2 Não havia?

INF1 Havia. Oh, havia?! O lobo?! Oh! Sei uma história do lobo, mas

INQ1 Então diga.

INF1 Mas ele ainda é grande! Pois, é grande?! É pequena. É pequena, que isto são coisas E foram E foram coisas que aconteceram.

INQ2 Pois.

INF1 Pois. Foi coisas que aconteceram.

INQ2 E então conte .

INF1 Pois. Havia um lavrador que tinha um criado. Pois.

INF2 É melhor desligar isso.

INF1 E então o criado ia deitar todas as noites ia deitar o galo o gado para a para a malhada. E então, haviam muitos muitas galinhas em casa, no no monte, e onde havia um galo que todos os dias, aquando ele ia pôr o gado para a malhada, o galo cantava. Pois. Cantava, cantava, cantava ali um belo pouco. Pois. Ele ia pôr o gado para a malhada, e ele vinha-se embora para o monte. [pausa] Pois. Outra noite ia pôr o gado para a malhada, o galo cantava. Até que o lavrador diz assim: "Ah! O galo faz senão cantar! Havemos de matar o filho da puta e comemo-lo todos.

INQ2 Estás a ver?

INF1 Pois. Matar o gado o galo. Comemo-lo e fazemos uma caldeirada com ele para a noite, à ceia". Bom, chegou à noite, diz ele: "Olha, criado, vai pôr as reses para a malhada e anda que é para a gente comer o galo que temos para a nossa ceia". Ele foi pôr as reses para a malhada [pausa] Esperaram, esperaram, esperaram, esperaram, esperaram, esperaram, esse dito boeiro [pausa] nunca mais apareceu. [pausa] Pois. Não apareceu. "Mas assim que é que seria feito do nosso boieiro que ele não apareceu"? Pois. [pausa] Pois. Ficaram todos em cuidados. No outro dia de manhã vão à cata dele, foram-lhe encontrar umas botas, dentro os pés dentro das botas. Mas o resto, não encontraram mais nada. E a roupa toda esfrangalhada. [pausa] Pois. Um lobo! [pausa] Comeu-o!

INQ2 Tchii!

INF1 Pois. Esse lobo comeu, comeu comeu o [vocalização] o criado.

INQ2 O boieiro.

INQ1 O criado.

INF1 O boeiro, pois. Sim senhora. [pausa] Que dizem: "Galo que canta, bicho que espanta"!

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 Pois. E pronto.

INQ1 Pois.

INF1 E ficou assim

INQ2 E bicho que espanta como?

INF1 Naturalmente, o bicho espanta-se o bicho espantava-se com [vocalização] por mor da cantiga do galo! [pausa]

INQ1 Pois.

INF1 Pois tinha que ser por mor da cantiga. Quando o galo cantava, o bicho que se espantava. Espantava-se. É que aquilo durou muitas noites, o galo a cantar! Muitas noites, muitas noites! E na noite que mataram o galo e ele foi levado, pois foi nessa noite que o homem

INQ1 Que o homem

INF1 que que o bicho comeu o homem!

INQ1 Pois.

INF1 Pois.

INQ2 Rhã-rhã.

INF1 É isso .

INQ2 Portanto, é bom ter um galo que cante à noite ou não? Ou é mau?

INF1 Pois. Não. Aquilo às vezes quando eles cantando à noite, aquilo quase sempre é sinales, sinales sinales ruins.

INQ1 Pois.

INF1 É. Quando um galo cantando de noite, aquilo é sinales ruins.

INQ2 Rhum-rhum.

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 Pois.

INQ2 ao da nossa pensão, ali no do senhor Cleóbulo, todas estas noites cantava um galo, lembras-te que eu até te disse?

INQ1 Sim.

INF2 Ah!

INQ1 Sim, sim.

INQ2 " está o galo a cantar"!

INF1 Às vezes Às vezes, os bichos [VB] levantam Às vezes até adivinham o tempo que é sinal de esterilidades, dizem que é sinal de esterilidades e coisas assim.

INQ2 Ah!

INQ1 Pois.

INF1 Pois. [pausa] Sim senhora. Pronto!


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