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MIN06

São Lourenço da Montaria, excerto 6

LocationSão Lourenço da Montaria (Viana do Castelo, Viana do Castelo)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Anselmina
SurveyALEPG
Survey year1981
Interviewer(s)João Saramago Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo, Ana Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 Ele trabalhava aqui ou trabalhava assim para, para as terras à volta?

INF Est- Não. Trabalhava. Ele trabalhava de carpinteiro não é? e logo foi para Lisboa. Ele morreu-me em Lisboa.

INQ2 Ai, ele trabalhava em Lisboa?

INF Trabalhava em Lisboa. Trabalhava em carpintaria. Morreu em Lisboa. Naquele tempo ficou, coitado não havia meios de o poder trazer. Naquele tempo o ordenado dele também era pequenito. Pronto, ficou no, [pausa] no hospital do [pausa] de São João parece que foi. No

INQ1 No cemitério?

INF No cemitério de São João. É assim a vida. Vamos andando, [pausa] que ele vai e eu não tardarei a ir também.

INQ1 Ainda está rija.

INQ2 A senhora está muito boa.

INF Ai, ai! Olhe que eu Olhe que eu estive [vocalização] Foi ali pelo Carnaval que me deu uma colite que eu [vocalização] tive o meu filho teve de ir comigo às onze horas da noite para o hospital para Viana. E adiante, isto foi n- na terça-feira à noite foi no dia de no dia tre- treze de Fevereiro e na quinta-feira tornou-me a dar e tiveram de ir outra vez comigo para Âncora para o doutor. E ainda estou a dieta, que eu ainda não como Estou a comer de dieta.

INQ1 Pois, pois.

INF Ai, ai! Uma colite que me deu que quase morria!

INQ1 Pois é. Agora é preciso tomar cuidado com a alimentação.

INF Pois, pois é isso.

INQ2 Não abusar

INF Nada, eu nada. Elas bem compram, coitadas. Eu digo: "Vocês têm de comprar " Trazem-me um bocado de carne e eu meto-a no frigorífico que eu não tenho, mas tem a minha nora e vou-a pôr e vou tra- trazendo aos bocadinhos, cozo-a cozidinha. Tem de ser tudo cozido. Não posso comer nada

INQ2 Pois é, faz mal. Pois não.

INF Não posso comer nada [vocalização] estrugido. De estrugido nadinha! Tudo ou grelhado ou cozido. Mas, [vocalização] então!

INQ1 Também é bom assim.

INF Sim. Sustento-me bem. [pausa] Eu como ando pouco Até hoje, até quando ia buscar um bocado da carne que eu logo parto-a aos bocadinhos e ponho cada qual bocadinho na sua saquinha para [pausa] para, trago um bocadinho daquela saquinha para não estar a abrir a saca e a partir , hoje quando ia buscar , a minha nora não estava na casa, tinha saído. E: "Pois e agora o que faz de comer"? E eu digo: "Ai, eu faço muito bem para mim"! Fiz ali a minha sopinha, botei-lhe uma batata, ralei-a , botei-lhe uma manadinha de arroz, botei-lhe uma cenourinha cortadinha, botei-lhe um bocadinho de azeite e [vocalização] e logo ainda botei uma couvinha desta penca, cortadinha, cortadinha. Olhe e tenho Comi ao meio-dia e tenho para a noite. Pronto, tenho a minha comida feita!

INQ2 Para o dia todo?

INF Sim, para o dia todo. E passo bem. A gente chegamos a uma certa idade que a gente come menos. [pausa] Sustenta-se com pouco. Eu de manhã bebo um gole de cevada e estou inté ao meio-dia. Não como também.

INQ2 Ai, não come?

INF Não como de manhã. Mesmo quando me deram comprimidos para tomar agora quando estive assim, tinha de tomar dois [vocalização] ao almoço, ao meio do almoço. E depois tomava um às dez horas [pausa] do dia. E depois tomava outro antes de do comer ao meio-dia. E depois ao meio do comer a m- a meia hora antes do comer e logo ao meio do comer dois. E depois de tarde outro, [pausa] às sete da tarde. E an- [vocalização] E antes do comer, meia hora, outro. E depois ao meio do comer outra vez. Mas eu de manhã não comia, não os tomava. Sim, os de de manhã tomava o que tomava às dez horas, o mais não tomava mais nenhuns que não comia. Bebo o gole da cevada Pronto, estou! [vocalização] A gente passa. Chega-se a uma certa idade a gente está feito, a gente não precisa de muito comer. É assim.


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