INQ1 E mesmo o de madeira, portanto, tinha lá em cima as mozinhas, por cima e tudo, para andar?
INF1 Tinha tal e qual como…
INF2 À mesma.
INF1 Tal e qual. O que é que essa essa, por exemplo, nesses que são de pedra, é um fechal – chamamos-lhe a gente um fechal –, é um fechal de pedra, onde trabalham essas rodazinhas dentadas para moer o milho.
INQ1 Ah, portanto, aquela, aquela coisinha…
INF1 E esses de madeira é um fechal de madeira.
INF2 De madeira.
INF1 Tem a me- Mas tem a mesma caixinha de andar à volta.
INF2 De andar à roda.
INQ1 Que é onde as rodas encaixavam naquela caixinha para a caixa não desandar?
INF1 Isso. Onde as rodas encaixavam.
INF2 Pois, na roda.
INQ1 Sim senhor.
INF1 Onde as rodas encaixavam naquela naquela coisinha ao redor e aquilo [vocalização] … O vento hoje estava daqui, ti- a gente tínhamos que rodear o moinho, para um lado e para o outro.
INQ1 Pois.
INF1 Procurar o vento.
INQ1 Claro.
INF1 Se não, se o vento mudasse, e se lhe desse por trás que a gente não [pausa] tivesse o moinho atrás atrás, ou então se desse nas velas por trás, o moinho virava todo, quebrava-se tudo. Quebravam-se-lhe os braços que ele só tem… [pausa] Por exemplos, as velas são isto e tem uma tem uma, uma espia, um velo, para o braço com a força da vela não cair para trás. Senão caía e quebrava-se.
INQ1 Pois.
INF1 Quebrava-se.
INQ1 Era uma espia que vinha da ponta…
INF1 Da ponta do eixo…
INF2 Do eixo.
INQ1 Para cá?
INF1 Vinha a ponta do braço, [pausa] só que tinha a vela.
INQ1 Do braço. Rhum-rhum.
INF1 [vocalização] Os braços onde as velas andavam atadas não era preciso.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 Porque esses não faziam força para trás; a vela é que fazia; só fazia força num braço. Por exemplo, faz de conta, este braço tinha uma… Isto era o braço da vela, [pausa] e tinha então, na ponta do braço, tinha então uma [vocalização] um bocado de ferro, uma verga de ferro atada à ponta do eixo que vinha para fora.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 E depois o eixo carregava para trás mas não deixava ir a [pausa] a vela para trás. Não deixava ir o braço. Quebrou-se. Quebrei muito. Volta e meia era: estávamos na terra da madeira, volta e meia, a gente descuidávamos, chegávamos lá, estava o moinho só trazi- só tinha o eixo; as velas, isso tinha caído tudo para baixo. [pausa] Chegou-me a suceder muita vez.
INF2 Ah, isso chegou!
INF1 Depois Depois no outro dia, toca a gente a andar a apertar outros braços novos, e as velas rasgavam-se, pois prantávamos outras… Era uma vida pobre, pronto!
INQ2 Pois.
INF1 Mas [pausa] naquele tempo usava-se aquilo.
INF2 Naquele tempo era assim.
INQ1 Pois. E gostava? …
INQ2 Olhe…
INF1 Eu gostava muito. Eu gostava. Eu gostava.
INF2 E naquele tempo, foi: a gente andámos à amassadura e já se governámos.
INF1 Fui criado…
INQ2 Pois, pois.
INF1 Fui criado de pequenino, fui criado da da idade de pequenino… Quando nasci começaram-me logo a ensinar a fazer farinha. Toda a vida foi foi a minha vida foi fazer farinha. Depois aborrecia-me com o vento, falhava o vento; depois pus aqui uma moagenzica… Também já a escangalhei.