MTM26

Moita do Martinho, excerto 26

LocalidadeMoita do Martinho (Batalha, Leiria)
AssuntoAs alfaias agrícolas
Informante(s) Cataldo

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INQ1 Era parecido com isso?

INF Tinha tudo isto. Tudo isto.

INQ2 Era o de garganta.

INF Tudo isto.

INQ2 Rhum-rhum.

INF Era tudo igual. Aqui é temão.

INQ2 Era a parte da frente?

INF O temão é a parte da frente, é onde puxava o gado.

INQ2 E o temão

INQ1 E o temão era inteiro ou era?

INF Era inteiro.

INQ1 Era inteiro?

INF Era inteiro. Mas havia quem emprastasse e depois se fosse curto, faziam-lhe um bocado. Isso não foi bem no meu tempo. era era noutras terras. Não era aqui por nesta zona. Nesta zona era sempre inteiro. Nunca Nunca era emprastado.

INQ2 Era a direito, não era? Era

INF Era assim curvado como este, mas era sempre inteiro. Não tinha pegamento.

INQ2 Sim senhor.

INQ1 Sim senhor.

INF Este tinha levado um pegamento ali.

INQ2 Rhum-rhum.

INQ1 Exacto. Pois.

INQ2 Essa parte curva

INF É aqui como este, olhe, está a ver?

INQ1 Portanto, era curvo, era curvo Mas este aqui é direito. Era curvo

INF Era curvo. Antigamente era tudo curvo. Estes eram todos curvos.

INQ1 Pronto, o temão era curvo

INF Era curvo.

INQ1 Mas era todo inteiriço.

INF Pois.

INQ1 Sim senhor.

INQ2 E não dava nome nenhum a essa parte curva?

INF ?

INQ2 Atr-, aqui esta parte curva?

INF Não, não. Era sem- Era aqui ao centro.

INQ2 Sim senhor.

INQ1 É?

INF É aqui ao centro.

INQ2 Pronto, está explicado.

INF Ora bem, aqui é o temão. Isto daqui,, [pausa] como está aqui, aqui é a faz de conta que é a rabiça mas primeiro é a p-, a parte as partes formadas são estas: é aquela, e esta e aquela. Isto é acessórios que são postos depois.

INQ1 Pois.

INF Mas depois eu explico.

INQ1 Rhum-rhum.

INF Aqui é o dente [pausa] chamava-se isto o dente, que era o era o que furava na terra, o que lavrava.

INQ1 O dois. Rhum-rhum.

INF E aqui é o bico, que é em ferro; [pausa] e aqui é a rabiça chamava-lhe a gente, outros chamam-lhe o rabo, mas aqui é especialmente a rabiça , mas esta parte aqui é [pausa] Aqui chamava-se a teiró

INQ1 Três. Dez. Sim, este aqui.

INF A teiró. Esta parte que enfia no temão e vem aqui abaixo chamava-se a teiró. Isto até, por acaso, esse elemento, vai vai levar uma cunha para a apertar.

INQ1 Aqui à frente? Está ali à frente?

INF Está à frente. Esse elemento era pela frente mas, [vocalização] no ca no caso, era da recta- era sempre da rectaguarda,

INQ1 Também podia ser por trás.

INF não era da parte da frente.

INQ1 Ah, está bom!

INF Isto era a emenda que faziam para o para o arado lavrar mais fundo ou menos.

INQ1 Portanto, chamava-se uma?

INF Aquilo era para abrir, era para abrir.

INQ1 Portanto, essa coisa que travava era uma quê?

INF Uma teiró.

INQ1 E a ou-

INF Isto ali é uma cunha.

INQ1 Rhum-rhum.

INF Era que, cha- Chamava-lhe a gente a cunha da teiró.

INQ1 Sim senhor.

INQ2 E o, o

INF Se a gente queria abaixar Por exemplo, queria o arado a lavrar mais fundo, dava nesta cunha para cima e alevantava o temão para cima, ficava a picar mais fundo.

INQ1 Sim senhor.

INF E se queria mais baixo, desapertava a cunha e sa- e abaixava-lhe o coiso, alevantava logo o bico para cima, ficava a lavrar menos.

INQ2 E o temão onde é que encaixava no dente? Mesmo atrás?

INF É aqui no dente, aqui na rectaguarda, aqui atrás.

INQ2 Mesmo onde fazia aquele cantinho?

INF Sim. Mesmo ao mesmo ângulo, precisamente como aquele.

INQ2 Sim senhor.

INF Este está mais à frente, mas ele pronto a gente fazia assim, era mesmo aqui no canto.

INQ2 E também tinha uma cunha para segurar ou?

INF Não tinha cunha nenhuma,

INQ2 Não tinha cunha?

INF porque é um é um dente que é enfiado ao jeito que vem dali. Tanto que a fura era feita assim, oh!, assim deste furo, deste jeito.

INQ2 Rhã-rhã. Sim senhor. E encaixava ali.

INF Pois era. Porque havia temões mais curvos e havia-os havia outros mais direitos.

INQ2 Rhum-rhum.

INF E aqui são as aivecas.

INQ1 Rhum-rhum.

INF Estas duas são as aivecas. Mas aqui uma peça

INQ1 Sim, sim. Está aqui por dentro.

INF Está por dentro. Isto chamava-se um mexilho.

INQ1 Treze.

INQ2 Sim senhor.

INF Chamava-se um mexilho àquilo.

INQ1 Sim senhor.

INF Que é o que amparava as aivecas dum lado e doutro.

INQ2 Pois.

INF Varava, varava

INQ1 E as aivecas

INF Varava aqui o o dente dum lado ao outro, [pausa] e era uma peça .

INQ1 E as aivecas era aquilo que afastava a terra?

INF As aivecas As, aiv- As aivecas é que isto é que

INQ1 Viravam o quê?

INF é que largava, virava a terra. [pausa] Isto isso vibrava e as aivecas é que voltavam a leiva.

INQ2 Rhum-rhum. E à frente do dente?

INF À frente do dente não tinha mais nada.

INQ2 está?

INF Não. dente.

INQ1 tinha o fe-, aquilo?

INF tem o ferro. É o bico, pronto.

INQ1 O bico, pois.

INF O bico em ferro. Até, sucessivamente, quando foi, quando era nesse, no, aqui para o lado do alen- ali para o lado do Alentejo, havia [vocalização] arados destes. Lavravam com arados destes, com dois burros.

INQ1 Ah!

INF Com dois jumentos.

INQ1 Sim, sim, sim.

INF Mas ele usava-se muito era para ali para o lado de Castelo Branco, onde cheguei a ver esse serviço.

INQ1 Rhum-rhum.

INF Isso não tinha bico de ferro. Era o próprio dente de pau que fazia a coisa. Porque era terra fraca, era terra leve

INQ1 Pois, pois, pois.

INF é terra de areia, não é? , o pau furava à mesma.

INQ2 E aqui quando era terra mais dura, não era hábito de se pôr uma coisa assim à frente, que era para ir cortando a terra

INF Pois, aqui, é isto que está aqui, que ainda estava a faltar esta. Isto chamava-se a sega uma sega , que era que cortava a leiva à f-, cortava [vocalização] o restolho à frente para não ficar tão apertado aqui.

INQ1 Pois.

INF Depois ia as aivecas a lavrar, [vocalização] a voltar.

INQ2 Sim senhor.

INF Aquele não tinha.

INQ2 Rhum-rhum.

INQ1 Pois, pois.

INF Podia ter, mas isto é um acessório. Tira-se e põe-se, quem quiser pôr. Por exemplo, a gente tirava às vezes: ou se tirava a sega ou se punha. Isso Isso depende da terra que era para lavrar.

INQ1 Pois, pois.

INF Mais, sucessivamente, mais nada.


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