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MTV22

Montalvo, excerto 22

LocationMontalvo (Constância, Santarém)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Guilherme
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Ernestina Carrilho
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INF Outra vez: [pausa] chegou uma vez o senhor engenheiro ao de mim [vocalização] Naquele ano foi um ano seco. Uva passada, passada, passada, mesmo passada, naquele ano. Um ano seco. [pausa] Como estão ali, podem vir outro dia que eu venho atendê-las aqui à mesma. Contar aquilo. Foi um ano seco. Um ano seco e, é claro, a uva vinha muito passada, e vinha muito doce. Vinha muito suco, muito doce. E E dava muita graduação. Pois dava! Dava muito alta até! É que ele se fosse a tirar o vinho, com aquela graduação, dava catorze ou quinze. É claro, era quase álcool que o homem estava a beber. Embebedava-se com um copo. E tudo. Mandou-me deitar os lagares levavam sete dornas cada um , mandou-me deitar seis ou sete almudes de água por dorna.

INQ Ai!

INF É claro, era muito! É tudo! Eu vou para o escrivente que estava, disse assim: "Eh ! Então ele mandou-me deitar aqui tanta água, neste coiso. Eu vou estragar isto tudo então! Isto depois nem água-pé sai, ! Isto nem água-pé sai! Não nada. Nem água-pé sai"! "Ó tio Guilherme, então como é que a gente há-de fazer"? Coitado, ele até está [pausa] inutilizado, está ceguinho de todo por causa dos diabetes. [vocalização] "Isto não nada". Digo eu para ele: "Olha , se não tiveres serviço Que eu tinha dois homens! Se me tiveres dois serviços serviço para me dares a dois homens, aos homens de tarde, eu vou deitar eu a água sozinho", e tudo. "Vai"? "Pois vou". "Eu não deito essa água, . Então, eu arranjo serviço". Ele à tarde chegou : "Ó tio Guilherme". Estava tudo combinado. "Você, se me de- pudesse dispensar os homens, para ir ali arranjar um pouco de milho à eira", e tal. Disse eu: "Então não posso?! Podem para ir à vontade". E foram, levou os homens para . Eu fui para dentro do lagar com o almude, liguei uma borracha que tinha à torneira com a água, e deitei-me dentro. Levei para os dois almudes. E deitei dois almudes e meio de água em cada lagar. Ora veja a quantidade que eu tinha que deitar de água! dois almudes e meio de água em cada lagar. Deitei aquilo e depois enfim, depois borrifei aquilo com a agulheta por cima, com água. Então e que fosse três almudes que eu que eu deitasse . Quando foi ao a pesar o vinho, ele ia pesar o vinho ao Entroncamento, foi pesar o vinho, um dia chega ao de mim, diz-me: "Ó Guilherme, afinal o senhor engenheiro atinou com aquilo". "Então"? "É porque o o vinho que saiu está bom. Mas ainda podia levar mais água". "P- Podia"? "Pois podia". "Então quanto é que o vinho tinha"? Ele ia pesar o vinho ao Entroncamento. "O vinho tinha treze, treze e meio, treze e sete, é o que tinha. É o que dava ". "Então ainda podia levar mais água"?! Eu para comigo: olha aqui, tão estão parvos! Se eu vou deitar a água toda, arranjava-a bonita! Então ele assim abaixou um bocado, se vou a deitar a água toda, ficava água suja [pausa] dentro do lagar. Era uma vergonha! [pausa] Uma vergonha!


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