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OUT54

Outeiro, excerto 54

LocationOuteiro (Bragança, Bragança)
SubjectA vinha e o vinho
Informant(s) Austrino Camila Aldo
SurveyALEPG
Survey year1994
Interviewer(s)Luísa Segura da Cruz
TranscriptionCatarina Magro
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INQ Para ter vinho?

INF1 Para ter vinho é preciso pr- plantar, a- abrir um o rego e depois plantar [pausa] Mas primeiro ainda se tem de se fazer o seguinte: [vocalização] quem ponha o o bacelo [vocalização]

INF2 São as velhas bravas!

INF1 A medrar, a medrar, bravas, e põe-se numa horta.

INQ Sim. Sim.

INF2 Depois de que ele está grandinho, está assim, empeçam-se a pôr.

INF1 Depois, se está Começa a Começa a, a botar a botar folha e tal, daqui e dalém, depois é que a gente cava-o, bem cavadinho, e tal, depois chega, quando quer pôr o campo da vinha, depois põe abre, [pausa] com uma máquina, abre [vocalização] os regos que uma pessoa quer, os valados que quiser,

INQ Rhum-rhum.

INF1 e coloca [pausa] cada [pausa] cada metro cada metro seu [pausa] seu bacelo.

INF2 Eu estive Seu bacelo.

INQ Seu Seu bacelo. Bacelo.

INF1 Pronto, pronto! Coisou. O que prendeu arrebentou; o que não prendeu não arrebenta.

INQ Sim.

INF1 Pronto. Arrebentou. [pausa] Pega a gente, fala, vai um homem e enxerta. Corta umas vides, umas videiras

INQ Rhum-rhum.

INF1 doutra vinha , [pausa] que é dado

INQ Que é boa.

INF1 que é boa. Tenho de muitas muitas qualidades.

INQ Sim.

INF1 Olha uma lagartixa, olha, além.

INQ Ah, pois é!

INF2 É da qualidade que quer!

INQ Uma lagartixa que vai além.

INF1 E E pega, corta-se com três g-, com, com três gro-, com com dois gromos; fica com duas gemas.

INF2 Ah, coitadinha!

INQ Sim.

INF2 Olhem acolá, filhos, ele não vêem uma lagartixa?!

INF3 Eu vi.

INF2 Não viste?

INF1 E coloca-se. Com a navalha corta-se o bravo, por exemplo, aqui assim. Cavaca-se o que se lhe mete, escavaca-se e depois mete-se-lhe a puia.

INQ Sim.

INF1 E mete-se-lhe depois um refia.

INF2 licença.

INQ Um quê?

INF1 Refia.

INQ Refia, sim.

INF1 Refia, em volta.

INQ Sim, sim.

INF1 Um bocadinho, para ficar. Depois de estar a refia presa, dão dá-se-lhe um , um coiso, pronto. A gente, depois de estar pronto, dá-lhe mais um jeitinho para que ela aperte Depois, é acovilhado. É acovilhado com com terra e fica todo aos montõezinhos, assim.

INQ Rhum-rhum.

INF1 Nesse sistema todo em volta, enterrada.

INQ Mas quando se está, antes de pôr a terra em volta, quando se está a fazer esse trabalho, diz-se que está a quê?

INF1 A enxertar. [pausa] [vocalização] Depois fica aquela terra toda em voltinha, topa, topa, topa, topa.

INQ Rhum-rhum.

INF1 A gente, [pausa] vai-se vendo, [pausa] vai vendo [pausa] e olhando para eles porque pelo próprio bravo pode arrebentar por baixo.

INQ Rhum-rhum.

INF1 E se arrebentar, não vai a força para o [pausa] enxerto.

INQ Pois.

INF1 Vai Vem debaixo do bravo à mesma.

INQ E então é preciso?

INF1 A gente tira-se-lhe, depois, com cuidadinho. Tira-se-lho outra vez

INF2 São os mamões que toma.

INF1 Tira-se-lhe outra vez o bravo bem tiradinho, para que a força para o enxerto.

INQ Rhum-rhum.

INF1 O enxerto empeça a puxar, a puxar, a puxar, a puxar até que se forma a parreirinha.


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