PAL18

Porches, excerto 18

LocalidadePorches (Lagoa, Faro)
AssuntoA língua e a comunicação
Informante(s) Abelino

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INF Pois não vêem que eu gosto de aproveitar aquilo [pausa] que eu vejo. Aproveitar não, aproveitar não. Aproveitar em ouvir [pausa] para para ver se eles estão a falar bem ou se estão a falar mal. Mas eu é que não é caso para achar [vocalização] que as pessoas estejam a falar mal, [pausa] porque [vocalização] não sei ler; não sei ler. Pois, na-, na-, na- não acho que [pausa] eu notar um defeito naquela pessoa instruída. Hum?

INQ1 Mas nota-se, às vezes nota-se.

INQ2 Mas nota-se. Mas é porque o saber ler não ensina tudo. E o senhor bem sabe disso.

INF Não; mas é que [pausa] eu tenho por obrigação dizer asneiras [pausa] por não saber, [pausa] muitas vezes, pronunciar bem a palavra, com esta ou aquela letra e isso e assim e assado. Pois, está bem, isso é que é asneira. Mas passo a não dizer asneiras. Passo a não dizer asneiras porque estou falando com a minha linguagem, [pausa]

INQ2 Claro. Exactamente. É isso.

INF com a minha linguagem d-, com quem eu fui vivi; [vocalização] Sim, convivi co- tudo com pessoas atra- atrasadas, como dizem. Dizem que [pausa] que os antigos [pausa] que eram todos uns atrasadinhos. Mas, [pausa] por causa dos atrasa- dos atrasados, vou citar mais uma palavra. E, assim, vou vou indo, vou sempre dizendo.


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