INF1 Aqui há uma dú- uns oito ou nove anos – não é? – é que se fala nos dentes da baleia.
INF2 Não, ou mais talvez.
INF1 Ou mais talvez.
INF2 Mais talvez.
INF1 Já há que tempos são levados…
INF2 Há criaturas Há criaturas que têm têm muito dinheiro em dentes.
INF1 Há ali um tipo da Ca- Calheta, por curiosidade sua… Os dentes, às vezes, os rapazes tiravam-nos e aquilo eles caíam ao mar. Ele os rapazes tiravam e andavam para aí. [pausa] Era o meu tempo de arrear à baleia. Pois a gente às vezes aproveitava os dentes [vocalização], vendíamos assim uma coisa barata, quer dizer, para comprar uns cigarros para o bote e tal. Mas houve criaturas que aproveitaram, juntaram e foram foram guardando. Hoje em dia, há aqui um tipo na Calheta que tem diz que tem uma fortuna em dentes.
INF2 O Gonzaga. Onde?
INF1 Arrumados. Hoje tem uma fortuna. [pausa] Hoje tem lá já um bocado de valor. Já estão além dentes que chegam, que se [vocalização] se a pessoa que veio aproveitar… Claro, isto passou por tempo que não tinha valor. [vocalização] Mais tarde, já aqui no meu tempo, é que podiam ter um valorzito, mas coisa pouca.
INF2 Há tempo!
INF1 Mas para trás de mim não, não não eram aproveitados. Andavam às vezes aí de bate-rola e…
INF2 Até [pausa] Até que as senhoras aproveitavam os dentes grandes para endireitar as rendas que faziam com o dente. [pausa] A renda não era endireitada ao ferro, era direita com o próprio dente da baleia, é que se endireitava a própria renda que se fazia cá.
INQ Mas, mas assim sem, sem se aquecer nem nada?
INF2 Sim senhora, sem coisa nenhuma. Era estendida a re- a renda numa numa toalha ou [pausa] estendida em cima duma mesa, e elas com o próprio dente da baleia… Eu ainda me lembro disto, mestre Balduíno; sou mais novo, mas lembro-me disto, da tia Carlota da Ladeira.