R&D Unit funded by

PIC35

Madalena, excerto 35

LocationMadalena (Madalena, Horta)
SubjectOs barcos e a pesca
Informant(s) Booz
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)Manuela Barros Ferreira
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationSandra Pereira Márcia Bolrinha
LemmatizationMárcia Bolrinha

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.


INQ Então barcos especiais para essa pesca?

INF Não, é estes nossos barcos, é os mes- mesmos barcos. Fazem todos esta mesma pesca. o que tenho é o anzol, o arame é o é o mesmo. É o mesmo arame, conforme: a gente pescas que o arame é mais fino, outras é mais mais grosso. Por exemplo, esse da gata tem que ser um arame mais grosso. Mas [vocalização] o anzol, o anzol então é estorvado, é amarrado é é com um fio, ou com com um nylon caçam com o fio de nylon. E depois a gente chama aqui um trincafio, porque é com o arame muito fininho é todo embrulhadinho no tal c- na tal coisa. Que é: a gata tem uns dentes, para não cortar a seda fora, para quando quando apertar a boca, aperta no tal arame para não cortar [pausa] com os dentes, que os dentes da gata é muito fino também. E o tal tubarão é, a bem dizer O rabo é [vocalização] é uma espécie da gata ou do cação. Conhece o cação?

INQ Sim, sim.

INF Pois ele o rabo do do, do marracho é igual ao do cação. É a mesma coisa. vi, a pescar, estávamos no barco pescando, e eles virem até à gente, a vir comer o peixe que a gente traz. Comem o peixe. Andarem acolá [vocalização] cheios de fome, ali em volta da embarcação, a gente fazer pirraças a eles, até, às vezes, ter latas dentro, claro, chegou-se a fazer muita vez. Latas, a gente tem as latas que leva, às vezes, com engodos para o mar, ou um balde, e a gente tem anzóis , são uns anzóis grandes, e a gente, com um arame, como aquilo é um peixe que tem um dente muito fino, corta tudo, corta muito rápido e a gente faz ali [vocalização] amarra um anzol muito bem amarrado, com o arame. E a gente enfia ali [vocalização] um peixe ou dois, acolá uma isca, e a cabo dali de um metro ou dois, amarra o tal balde, muito bem amarrado, um preparo forte! E a gente bota-o e eles vêm logo comer. A gente A gente puxa para o anzol trancar bem na boca e depois deixa o balde caminhar. E ele depois desaparece. Vai sempre aquela impressão do do balde, vai ser até até matar. Risos

INQ Coitados! Risos

INF Faz-se estas pirraças também a eles. [pausa] peixe que a gente pesca Porque não ele, a bem dizer a gente não [vocalização] não têm utilidade nenhuma, nem prestam para comer, nem nada. E a gente, às vezes, estamos pescando e [vocalização] e muito fundo, e a gente tem que vir acá acima [pausa] para pôr outra isca ou para tirar aquele peixe da isca ou coisa, [vocalização] a gente chega, e a gente às vezes corta-os aos bocados e [vocalização] joga ao [vocalização] mar outra vez porque fazendo mal ao peixe! Mas aborrecidos com a nossa vida [pausa] do coiso! E eles não têm culpa nenhuma de pegar porque também estão com fome. Risos

INQ Pois.

INF Mas a gente tem que ser assim.

INQ E vão alimentar outros! Mata-se uns

INF Pois, vão alimentar outros. Vão alimentar ao tal marracho que se chama, porque é o marracho. Outros chamam o tubarão. A bem dizer, na pesca de submarina, nunca vi. Eu nunca vi. estive [pausa] uma vez, na pesca, estava mais um irmão meu, que é esse meu irmão que mergulhava mais eu, e esse outro dentro do barco. E ele me Iam-me a chamar depressa para eu saltar para dentro do barco, e vi a água dele, não vi Não vi mais nada não vi, eu não [vocalização] . vi, quando saltei, vi, quando ele [verbo] assim com o rabo, aquela água que ele fez, mas afinal não o vi. Mas os franceses, é um [vocalização] são uns homens que gostam do tubarão. Porque eles dizem que o tubarão não faz mal. [pausa] Que sendo dois, que podem fazer mal se se atacarem, se fizerem mal a ele; mas se não fere, o tubarão chega ao da gente, vem a fa- vem reparar, vem reconhecer o que é, e vai-se embora. Não sei se é verdade, se é mentira, porque nã- não vi, nem queria ver nenhum!

INQ De qualquer modo Pois, eu também não arriscava.

INF Não. Não queria mesmo ver nenhum. Este rapaz, que é este Beltrão, que ele é francês, este rapaz tem fotografias mesmo [vocalização] pesca do tubarão

INQ É francês ou é emigrante em França?

INF É francês mesmo. É um belíssimo rapaz. É de Paris mesmo. É dono duma fábrica de roupa de senhora. Veio aqui o primeiro ano aqui, aqui à pesca juntamente com um tio francês, também, que tinha vindo acá à pesca; depois queriam ir aqui aos ilhéus aqui, mas não tinham barco; como eu estava ali, falaram comigo se eu queria ir, e eu disse que sim. Fui. Chegaram ao porto, perguntaram: "Quanto é"?, e eu disse que não era nada. tive a pachorra de andar com eles. Disse que não era nada, eles deram-me o peixe até tinham apanhado duas anchovas e ainda se viu um mero , deram-me o peixe e deram-me trezentos escudos. Eu até nem queria pegar no dinheiro, eles me deram o dinheiro; depois se [vocalização] disseram se queria se eu podia ir ao outro dia, eu disse a eles que sim; e continuámos, fomos criando amizade e hoje em dia somos grandes amigos.


Download XMLDownload textWaveform viewSentence view