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SRP22

Serpa, excerto 22

LocationSerpa (Serpa, Beja)
SubjectA vinha e o vinho
Informant(s) Aristómaco
SurveyALEPG
Survey year1974
Interviewer(s)André Eliseu Manuela Barros Ferreira
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 Depois aquilo tinha assim uma coisa que descia, com uma, uma pedra na ponta para

INF É uma [vocalização] Chama-se uma prancha.

INQ2 Uma?

INF Uma prancha.

INQ1 E essa prancha estava presa assim numa

INF Essa [vocalização] Essa prancha era tira- era man- mandada por meio de uma manivela com com um ferro metido ou fosse [vocalização] um bocado de madeira.

INQ1 Pois. Mas olhe, ela tinha assim uma? Uma assim, uma espécie disto, isto é o quê?

INF Pois.

INQ1 Uma?

INF Uma vara. Pois. [pausa] E eram duas ou três pessoas a andar com aquilo à roda, e aquilo ia dando aqueles estralos, e era uma espécie duma rosca, ia rodando, ia apertando, ia apertando, ia apertando. Pois.

INQ1 E a vara girava, tinha assim uma?

INF [vocalização] A vara gi- girava. Era móvel. A gente tirava-a e punha-a punha.

INQ1 Pois. Mas e tinha assim uma rosca. Lembra-se como é que isso se chamava, assim uma coisa?

INF Tem o Para andar aquilo para baixo é por meio de rosca. Pois. Agora, o sítio daqui onde se se metia tinha [vocalização] um caixilho um caixilho assim como isto. A gente [vocalização] mete numa vara Essa na Suíça, então, trabalhei eu, o primeiro ano, trabalhei assim. Pois. Na Suíça, trabalhei assim. Essa, essa foi assim como era no outro tempo, mas [pausa] nunca tra-, que-, se- cheguei a trabalhar nessas. Mas trabalhei naquele. E no segundo ano quando estive com aquele patrão, foi eléctrico. Acabou com aquilo, que aquilo custava muito. Claro. Tem aquela caixa, a gente metia aqui, que ela até era uma vara de ferro. Era em ferro. A gente metia-a aqui, punha-se Isto era o [vocalização] aquela parte da bacia lhe chamavam eles, a bacia [vocalização] com trinta centímetros assim de altura, e nós púnhamos aqui o vinho, ou, quer ver, o engaço da uva depois de estar pisado. Púnhamo-lo aqui. Depois levava umas tábuas [pausa] a atravessar, umas duma maneira, outras doutras, assim cruzadas. E depois levava dois dois barrotes lhe chamavam eles; são dois bocados de pau com uma diferença su-, , suponhamos de quinze centímetros, para cada lado, [pausa] por um metro de comprido, conforme fosse a [vocalização] a largura que a- que aquele tabuleiro tem. Porque, o tabuleiro, uns maiores do que outros: se for maior, mais despacho ; se for mais pequeno, menos. [pausa] Isso depende. Mas o feitio é igual. E depois a gente [pausa] metia ali aquela parte da da prancha. Tem um Tem um bocado dum ferro, trazia-se abaixo ouviu? e o homem metia. Conforme ia rodando, ia andando à volta. Ia andando à volta e aquilo ia pregando um estralo: trás, trás! Ia rodando, ia passando a rosca e aquilo vinha descendo abaixo, vinha descendo abaixo. E o vinho vinha a correr para fora. Pois. estava a tal dita tina de madeira a apará-lo. Se estava cheio, nós carregávamos com uma outra vasilha, com uns baldes, para os potes.

INQ1 Exactamente. está?

INF Isso foi o que a gente o que fiz no primeiro no primeiro ano, com essa coisa da vara.

INQ1 Olhe, e depois o vinho quando ficava assim a, a ferver, como é que lhe Não se lhe chama vinho ainda, pois não?

INF Pois não. A gente, eles, eles Eles cha- chamavam-lhe o , [vocalização] a água-pé. Pois. Eles chamavam-lhe a água-pé quando ele quando ele estava a ferver. E quando ele deixava de ferver, depois é que passava [pausa] ao nome de vinho.

INQ1 Mas outra palavra, sem ser água-pé, que se usa .

INQ2 Quando está doce, e as crianças gostam muito de beber

INF o mostro.

INQ2 Como?

INF É o mostro do vinho. Pois. Que é o doce!


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