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SRP27

Serpa, excerto 27

LocationSerpa (Serpa, Beja)
SubjectO moinho, a farinha e a panificação
Informant(s) Aristómaco
SurveyALEPG
Survey year1974
Interviewer(s)André Eliseu Manuela Barros Ferreira
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 Olhe, então e depois o, aquilo fica cheio de cinza, não é, o forno, fica tudo

INF Sim.

INQ1 E como é que se tira a cinza?

INF A cinza é é tirado com um pano.

INQ1 Com um pano?

INF Com um pano.

INQ1 de dentro?

INF de dentro para fora.

INQ1 Mas naquele, nos fornos Assim nos fornos grandes, que não se chega com o braço, assim uma coisa assim, tem um, um cabo

INF Tem.

INQ1 Tem assim um cabo.

INF Tem um cabo, tem uma vara.

INQ1 Pois. E depois aqui assim tem um, uma coisa assim

INF Pois.

INQ1 Para puxar.

INF [vocalização] Isso é o Isso chama-se um rodo, que é para espalhar [vocalização] o borralho. Que é para esp-

INQ2 Chama-se o quê?

INF Um rodo. Que é para espalhar o borralho. Para dar o calor igual.

INQ2 Se forem dois, são dois?

INF São dois rodos. E com um Que um serve depois novamente para juntar todo para um canto.

INQ1 Pois.

INF E depois é que vai então [vocalização] o varredor. Que se chama o varredor, que é [vocalização] uma roupa velhas, que eles pedem, que agora até esses fornos acabaram em Serpa, que está tudo fechado. não fornos desses que funcionam. Quer dizer, minto. Ainda Ainda estão aí dois que funcionam. Havia muitos, mas está tudo fechado. Começou a aparecer este pão da das padarias e esta coisa de conduzirem o pão para os comércios, e isso acabou. E então é que vai então o [vocalização] va- o varredor que que é esse dito pano que eles até pediam a quem tinha roupas velhas [pausa] que atavam a uma dita vara e depois era molhado dentro de água e depois é que varriam então o solo com aquela cinza. Depois de aquilo bem varrido [pausa] é que era o pão posto [pausa] dentro.

INQ1 Olhe, então e o pão ia para o forno dentro de? Ia e vinha na, em quê? Não era na mão, pois não?

INF Não. Ia no nuns tabuleiros.

INQ1 Olhe e Como é que se costumava pagar? Como é que se pagava ao, à pessoa que tinha o forno?

INF A pessoa que tinha o forno, costumava-se a pagar um pão um de cada quinze, se pagava um.

INQ1 E como é que se chamava a isso, a esse pagamento?

INF A esse pão, chamava-se-lhe uma poia. O nome próprio era uma poia. E agora mudaram isso, mesmo esses poucos que estão lhe chamam a pitança, que agora não querem pão, agora querem dinheiro. Pagam, suponhamos, cinco escudos, ou dez; conforme a porção [pausa] de pães que que vão, assim pagam [vocalização] a pitança. Mas o próprio é [vocalização] o nome O próprio nome que existe enquanto existir fornos desses mesmo que ainda estão dois, ainda gente que ainda lhe chama isso é a poia. Se forem vinte pães [pausa] que meter, paga dois; [pausa] se forem vinte e cinco, paga dois; se for aos trinta, paga três. Mas tem que ser um pão [pausa] de quilo para cima, todo. Tem que ter de quilo para cima. Menos de um, me-

INQ2 É de? É de cada dez? De cada dez paga um?

INF Cada dez. Mas se alcançarmos quinze, às vezes são dez e às vezes são quinze Se for um freguês que coza muito, também: [pausa] "Olhe, com um pão [pausa] "! Mas se for um freguês que parte das vezes que coza que coza pouco, uma vez que vai, também não vai a a perdoar-lhe três ou quatro pães para lhe levar um por o mesmo. Diz assim: "Olha, paga dois"! Faz-lhe dez por um. Pois. Em dez, tira-lhe um, que lhe chama a poia.

INQ1 E a parte de baixo do pão, como é que se chama?

INF É o solo.

INQ1 E a parte dura do pão, por fora?

INF Por fora, é a côdea.

INQ1 E aquela mole por dentro?

INF É o miolo.

INQ2 É o quê?

INF O miolo.

INQ1 E, e quando se está a partir o pão, caem assim umas coisinhas

INF A gente lhe chama os uns miolinhos.

INQ1 E os homens que fazem o pão, como é que se chamam? Um homem que faz pão?

INF Chama-se o [vocalização] Um homem que faz pão chama-se um amassador.

INQ2 E o homem que vende o pão?

INF Que vende Que vende o pão é um padeiro.


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