INQ E não há mais nenhum que queira aprender isso?
INF1 Agora, eu tinha três filhos, nenhum quis aprender a arte. Risos
INQ
INF1 O que havia a aprender a arte foi para a polícia. Está melhor do que eu! [pausa] Outro, queria que aprendesse, não quis aprender, foi para a América. Também está melhor do que eu! Agora tenho aqui um , [pausa] andou connosco aí uma temporada, depois largou a arte. A arte não dá. Hoje não dá a arte de carpinteiro. Não dá. [pausa] Não dá porque é por este motivo: porque [vocalização] hoje os ferreiros são os que fazem tudo. As portas é tudo em ferro.
INQ Pois.
INF1 As vidraças é tudo em ferro; os carros é tudo de ferro, como se ele vê. Em tempos faziam-se… Hoje [pausa] o que é que se faz? Não se faz nada. O carpinteiro hoje
INQ Mas na sua, na sua arte, o que é que fazia?
INF1 Fazia Fazia de tudo, quer dizer, [pausa] fazíamos portas, fazíamos carros, fazíamos arados, fazíamos de tudo o que aparecia, ora! O senhor não conhece o que é a arte de carpinteiro?
INQ Mas são estas…
INF1 Olhe, quantas vidraças aqui vê, olhe, quantas vidraças?! Fiz mais de um milhão delas.
INF2 Em madeira.
INF1 No tempo, fazia-se tudo. As obras faziam-se todas a s- a molhado, fazia-se tudo em madeira de castanho. Aqui é tudo castanho, aqui não se usa quase outra coisa senão castanho, ou não se usava. Agora só se usa aqui pinheiro.
INQ Rhum-rhum.
INF1 De resto, aqui não há aqui não há serradores, não há nada.
INQ Pois.
INF1 Sabe que temos que, tem tem que cada um ir governando consoante pode. Vai tudo para a fábrica. As madeiras aqui, olhe, daqui sai toda em bruto, lá por aí abaixo. Não a viu por aí por esses montes, por essas [vocalização] pois, por aí abaixo por aí ab-. Daqui para Lisboa é ela para onde vai. E deve ser toda para vender. Chega a Lisboa.