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STJ17

Santa Justa, excerto 17

LocationSanta Justa (Coruche, Santarém)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Delfina
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Maria Lobo Ernestina Carrilho
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 E é casada, a senhora?

INF Agora sou viúva.

INQ1 Pois, viúva.

INF Sou viúva. E faz agora para Março vinte e três anos.

INQ Rhum-rhum.

INF Tinha cinquenta e quatro, tenho setenta e sete.

INQ2 O seu marido era daqui também?

INF Era, sim senhor. E nasceu aqui também, ele.

INQ1 E a senhora nunca foi à escola?

INF E morreu Aqui não. Deu-lhe um ataque. Fomos com ele para Lisboa. Chegou , morreu. Nessa noite.

INQ2 A senhora nunca foi à escola?

INF Ah, ainda fui à escola, mas saí logo.

INQ2 Rhum-rhum.

INF Naquele tempo [vocalização] ia quem queria. Depois cheguei ao fim da cartilha, não sabia o que estava para trás, a senhora passou-me para o princípio da cartilha. Cheguei a casa, disse à minha avó que foi quem me criou, que eu tinha quatro anos quando minha mãe morreu : "Ó avó, não vou à escola". "Então porquê"? "Olhe, a senhora passou-me para para o princípio. Eu não sei Eu não sei o que está no princípio nem o que está no fim. [vocalização] Eu não p- Eu não sou capaz de aprender". "Eh, então não queres ir, não vás"! Pronto. Dan- Dantes não obrigavam as pessoas. Ia quem queria.

INQ1 E a senhora depois trabalhava em quê? Começou a trabalhar pequenina?

INF Ah, eu ele tinha doze anos, ou treze, quando comecei a trabalhar. [vocalização] Trabalhava: arrancava moitas de Inverno e mondava arroz de Verão e e fazia-se muitas coisas.


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