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STJ51

Santa Justa, excerto 51

LocationSanta Justa (Coruche, Santarém)
SubjectOs insectos e outros invertebrados
Informant(s) Deolinda
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Maria Lobo Ernestina Carrilho
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INF Então que é aqui?

INQ1 Esse a senhora falou também.

INF É o grilo? Não é?

INQ1 Tem um, um pico no rabo

INF O alacrau?

INQ2 Esse pica.

INF Ah, pois é, pois. É o lacrau. [pausa] Morderam-me cinco. Depois não

INQ1 E faziam alguma coisa para passar a, a picada?

INF Eu, por acaso, o último que me mordeu, [vocalização] eu mor- O primeiro que me mordeu não não lhe fiz nada. Foi chorar as vinte e quatro horas cheia de dor, com a perna no ar, que não lhe fiz nada. Não lhe fiz nada! Eu era gaiata ainda, fui calçar um sapato velho, que ele dantes não havia sapatos. A gente em bem apanhando um sapato, enfiávamos os pés dentro. [pausa] E eu fui calçar aquele sapato e tinha um alacrau dentro. Ora, aquilo foi morder ali até [pausa] até lhe apetecer! [pausa] Foi uns sa- uns sapatos até de dos meus irmãos, ou não sei de quem, uns sapatos grandes. Encavei aquilo nos pés e andava assim. [pausa] Depois o alacrau mordeu-me. Eu chorei, e , sempre a chorar. Ele não havia outro remédio! A gente não sabia certas coisas, agora [pausa] Mas depois morderam-me mais quatro. [pausa] Três eram pequeninos. Doeu-me mas não era assim dores Aquele é que ele me doeu muito! E este último que me mordeu, foi numa altura que eu fiz aqui estas casas , as as primeiras casas. [pausa] Fui ali buscar um pouco de tijolo e levantei o tijolo a gente andava sempre descalços , e debaixo do tijolo estava um alacrau. Fui, pus o , mordeu-me. Mas doeu-me muito! Mas depois ali uma mulherzinha assim mais de idade ensinou-me uma mezinha para lhe eu fazer. E eu pus-lhe. Era sulfato de cobre não sei se vocês conhecem isso, se quê. Era sulfato de cobre [vocalização] uma pedrinha derregada ali numa pinguinha de água e banhar [vocalização] Ali onde o alacrau mordeu, banhar o ali naque- com aquela água. Doeu-me muito menos! Não sei se foi disso se se o que é que teve de ser. Mas se calhar sempre foi, pois, adormeceu mais o . Mas as vinte e quatro horas doeu-me sempre à mesma. Não era era dores desensofridas. Mas o primeiro que me mordeu, aquilo foi dores do pior! Toda a noite chorei e todo o dia!


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