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STJ66

Couço, excerto 66

LocationCouço (Coruche, Santarém)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Danilo
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Ernestina Carrilho Maria Lobo
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INF O meu avô todos os anos Que os Os ventos é que mandam no tempo. [pausa] De dia 21 para o dia 22 eu vou ver os ventos, donde ele cai De De dia 21 do mês de Natal até ao 21 do mês de São João, o quente é que governa. [pausa] E de 21 do mês de São João até 21 de Natal, os ventos é que governam. Uma vez o meu avô, fui eu, era rapazito: ", Danilo, levanta-te, que é para ires mais a gente para o moinho de vento". Faziam o lume, quando era aquela hora em ponto, e o lume trabalhava Eu ainda me lembro, o vento no dia 21 veio, veio ficou sul. Diz o meu avô para o outro, que era o Indalécio Que tinha, eu, na minha terra, todos tinham os seus nomes. O meu avô chamavam-lhe Israel, e o outro era o Indalécio, e o outro era o Ireneu. Ajuntavam-se todos três num sítio que chamam o Moinho de Vento. Hoje um grande jardim em Montargil. Vocês também vão a Montargil, não? Ou foram?

INQ1 Hãa, agora, desta vez ainda não vamos. Somos capazes de ir doutras vezes.

INF Ah, mas então andam para estagiar. Então que curso é? As senhoras, que andam as meninas?

INQ2 Em letras.

INF Ah, é letras?!

INQ1 Nós , acabámos o curso e isto agora é

INF Ah, então letras é para jornalistas.

INQ2 Não. É, é para linguística.

INF Ah, para linguística.

INQ1 Para estudar a língua. Para saber a língua portuguesa, para estudar a língua portuguesa.

INF Ah, a língua portuguesa. Andam para saber a língua portuguesa. Está bem. Sabe qual é, no Norte? Fui uma vez de mota, era militar. Ia mais outro rapaz e ouvimos um um fulano, era sapateiro. Diz para a mulher: "Ó reco Ó Dília, vai ver o reco que está a dormir na corte". [pausa] Diz o outro: "A gente vai perguntar". "Não, que isso são Chamam chalados a gente, . A gente vai atrás dela e vamos ver". Fomos atrás dela, vimos um rodeio. [pausa] No Norte foi em Oliveira de Azeméis chamavam a corte e um porco era o reco.

INQ1 Rhum-rhum.

INF Vimos então Ele o Norte ainda tem mais extravagante. A língua portuguesa, vocês têm muito que ler e que [vocalização]

INQ1 Pois é.

INF Têm. Vocês Vocês nem um ano fazem o estudo todo da língua.

INQ1 Ah, pois não. Isso é para a vida inteira.

INF É [vocalização] uma coisa inteira?!

INQ1 É.

INF Mas andam por conta do Estado ou é [vocalização]? É por conta do Estado?

INQ1 Sim, é É do Ministério da Educação.

INF Ah, vocês andam por conta do Ministério da Educação?

INQ1 Sim, porque estamos ligadas à universidade.

INF Ah, estão ligadas à Universidade! Andam a fazer um estudo dos usos em Portugal e costumes.

INQ2 Exactamente.

INQ1 Sim. Das palavras.

INF E das palavras.

INQ1 Das palavras ligadas a esses usos e costumes.

INF E ligadas. Mas eu tenho de dizer isto. Aqui na terra, chamam o boi, quando é quando é novo chama-se garraio; a passar dos quatro anos é que se chama boi.

INQ1 E quando acaba de nascer?

INF É, é É garrainho. É um garrainho. Quando chega a uma certa idade chama-se novilho. [pausa] Tem esses nomes aqui na região.

INQ1 Rhum-rhum.

INF Quando têm dois anos de estar na engorda é os novilhos. [pausa] Passando os dois anos, passa a ser garraio. [pausa] A passar dos três para os quatro anos, passa a ser boi.


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