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TRC06

Fontinhas, excerto 6

LocationFontinhas (Praia da Vitória, Angra do Heroísmo)
SubjectAs festas religiosas e profanas
Informant(s) Brás Bráulio
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)Pedro Prista Monteiro
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationSandra Pereira Márcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INQ Portanto, a festa do Espírito Santo para crianças e outras para as pessoas adultas?

INF1 É, é. No mesmo dia, antes de dar o jantar às pessoas adultas, dá-se o jantar primeiro às crianças: às vezes, cento e cinquenta, cento e sessenta, cento e setenta, cento e vinte e dei até para cima de duzentas. Mas faz-se sempre às crianças antes de dar o jantar aos adultos. Sempre, sempre! Sempre que se o jantar aos grandes, primeiro se aos pequenos. Isto é Isto é uma tradição que vem muito antiga mas que continua sempre [pausa] na mesma forma.

INF2 Depois dá-se-lhes uma brindeira.

INF1 E depois quando se o jantar às crianças, ainda tem graça. É que [vocalização], muitas das vezes, muitas pessoas, por exemplo, que [vocalização] prometem de dar uma tigelinha de sopa de esmolas [pausa] como eu dei para não falar nos de fora, digo eu. Eu prometi de dar Eu dei-lhe um jantar e prometi de dar uma tigelinha de sopas a cada um enfermo da nossa freguesia. Ora, os enfermos são as pessoas que estão em casa, que não saem, que estão nas camas, deitados para ali, e que não podem vir à missa não é? , e havia trinta e dois enfermos na nossa freguesia mulheres e homens , e eu dei trinta e duas tigelas de sopa a essas pessoas. Como também [vocalização] dei de jantar a todos os velhinhos que estavam no asilo, juntamente as pessoas que trabalhavam. Foi-se levar o jantar. Ora, muitas pessoas que dão muitas tigelinhas de sopa, não aos enfermos, nem ao asilo, a crianças [pausa] inocentes. Quando se acaba de dar o jantar aos pequenos, pois uma série de bilhetes que se distribui pelos inocentes da freguesia, não é? E as mães vêm com eles ao colo e com um cestinho ou uma açafatinha na mão buscar a tal dita tigelinha de sopa e uma brindeirinha de pão de trigo, em cima. Ora, quando esta distribuição, está a filarmónica a tocar.

INQ Pois é.

INF1 Aquilo até um choque.

INQ Pois.

INF1 Está aquelas crianças tudo, tudo enfileirado por ali fora, tudo à vez. E à maneira em que vão dando, as crianças vêm andando. E depois disso tudo, é que o jantar então das pessoas adultas, depois com os seus convidados, [pausa] que vêm assistir ao banquete. Mas primeiro trata-se dos c- das crianças todas e depois então é que se sentam os adultos, a comer e a beber, à vontade. Isto é

INQ E ganham assim

INF1 É, isto é, eu Quer dizer, isto é uma coisa que tem

INQ É uma tradição de, de sempre.

INF1 É uma tradição antiga, mas uma tradição como é que eu hei-de dizer? que [pausa] torna-se às vezes até Para mim, eu sinto-a muito, é uma tradição que eu sinto-a e choco muitas vezes [vocalização] quando vejo aquelas crianças todas sentadas a comer, porque aquilo ali não defeitos. Aquilo são as pessoas que sentam ali à mesa, às vezes, cento e cinquenta e a duzentas crianças não é? e quer esteja insonso, quer esteja salgado, quer esteja mal cozido, quer esteja bem cozido, para aquelas crianças está sempre bom, [pausa] está a perceber? Aquilo ali não defeito. É das pes- É dos jantares que eu gosto imenso de assistir é ao jantar das crianças e que o faço sempre. Em toda a banda que vou, dá-se sempre o jantar das crianças.


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