INF1 Nem a pequena nunca escreveu.
INF2 Nem a pequena ainda não escreveu. Que ela escreve sempre é ali sentada na cama. Não escreveu ontem, queria-se era deitar, deitou-se. Já tardíssimo que a gente se deitámos.
INF3 Já à noite.
INF2 E [vocalização] E hoje levantei-me, estive derretendo a minha matança…
INF3 A mãe sempre foi ontem lá baixo buscar à Praia buscar o toucinho?
INF2 Fui. Fui no carro desta senhora. Fui e vim no carro deles. [pausa] Eles ainda estiveram à minha espera.
INQ Ah! Estivemos à sua espera?! Não tivemos tempo… A senhora depois ainda esteve à nossa espera outra vez.
INF2 Não! Estiveram então à minha espera ainda para me trazer para cima no carro. Porque aquilo está mau, então lá é à vez. Tiram uma se-…
INQ Estava muita gente!
INF2 É à vez!
INF3 É, vai muita gente vai.
INF2 Era um aç- Era um açougue, e o que já tinha saído, senhora!
INQ Sim, já tinha saído muita gente.
INF2 Se já tinha saído! Era um açougue que a gente queria-se mexer lá dentro e não podíamos.
INF3 Tudo atrás do toucinho, porque não há agora e eles vão é à busca do toucinho para os torresmos.
INF2 Tudo atrás do toucinho! Toucinho. É. E gente que compra canelos! Uns é só por canelos e carne para comer.
INF1 Vai aviando, que eles têm que desgastar aquilo tudo.
INF2 E os outros é para derreter.
INF1 Uns levam uma coisa e outros levam outra.
INF2 Derreteu e fiz aquela gordura que está ali.
INF3
INF2 Mas não Mas não não dão mais que cinco quilos a cada um. O filho
INF3
INF1 Querem contentar todos.
INF3 Não é o que querem.
INF2 Não é o que querem!
INF1 Não! É a contentar todos .
INF2 Ainda o pequ– o rapaz do Canuto disse-me: "A tia que A tia, que é queria"? Digo eu: "Queria dez quilos". Diz ele: "Não pode ser. Não pode ser. Há-de ser só cinco, que é como os outros". Digo eu: "Há-de ser o que o senhor puder amanhar. O senhor há-de fazer como faz aos outros. Eu não sou diferente dos outros. O senhor há-de fazer como faz aos outros". Pronto.
INQ Acho que há muita falta de banha.
INF2 Há.
INF1 Há e esteve uma desgraça.
INF3 Há muita, há muita, muita!
INQ Eu quis comprar também um bocadinho de banha derretida já, mas não, não havia.
INF2 Não há.
INF1 Não vendem.
INQ Diz que estava esgotado. Não havia.
INF2 Não há. Em tempo havia, mas agora não há. A gente comprava era sempre pronta a [vocalização] fazer comida, mas agora não há.
INQ Pois, pois.
INF2 E cada vez é pior.
INQ Mas porque é que será?
INF3 Falta de porcos para matar.
INF2 Falta de porcos.
INQ Ai é?
INF2 É.
INF3 É falta.
INF4 Mas a falta de porcos [vocalização] o lavrador é que teve a culpa.
INF2 Foi! Ele foi então!
INF4 Eles eram não pagavam bem que desse para o para o tratamento…
INF1 Uê! Não Não dava para as despesas.
INQ Pois.
INF4 Depois eles [pausa] deixaram de de criar porcos. Agora ninguém tem porcos: eu não tenho para vender, aquele não tem porque não tem, e querem é comprar…
INF2 É, é.
INQ Pois.
INF4 Eu tenho medo que me falhe.
INF3 Eu tenho mas é só para para gasto de casa. Depois quando for mais daqui a uns meses… [vocalização] Estou engordando para o matar. Que eu tenho-o para o gasto de casa. Pronto, é na altura em que não há.
INQ Pois.
INF2 Mesmo aquilo não vão bem gordos para lá, Eládio.
INF3 Eles mesmo não querem.
INF1
INF2 É só engorlentados.
INF3 Eles mesmo não querem. Quando é para vender, eles não querem porcos muito gordos.