UNS10

Unhais da Serra, excerto 10

LocalidadeUnhais da Serra (Covilhã, Castelo Branco)
AssuntoOs animais bravios
Informante(s) Delmiro Dinora

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INF1 Se a gente A gente na onde eu andava, a gente tinha ali a cabrada e às vezes dizia assim: "Tal cabra não a ordenhei"! Às vezes punha-me até adiante para o meio do açude. "Tal cabra não a ordenhei"! Com o mesmo calo que a gente tinha [pausa] "Agarrariam-ma os lobos? Eu não dei conta de nada! [pausa] Ó meu pai, tal cabra assim-assim, não a ordenhámos, pois não"? [pausa] "Não". [pausa] Ao outro dia fôramos para cima, para cima que daqui para é um bocado bom e a cabra não estava . [pausa] "Homem, então eu não dei conta de os lobos se deitarem a ela, afinal o que foi feito da cabra? [pausa] Às vezes podia-se entalar nalguma giesteira e estar por entalada"! Fui para , a ver, a ver, nem berrar, nem nada! O que é que se resultou? Tínhamos uma pereira, tinha e está, numa mina, subimos nós ali uma valada [pausa] que [vocalização] é da altura [pausa] da altura deste castanheiro

INF2 Tem alguns três metros de altura rasgada até ao t- Ai, mete medo!

INF1 É, aquilo mete medo! E o que para cai, fica. Mas ao cabo da mina, ficou assim um bocado por mossar. Ficou uma bancada por mossar. A água saiu. E de maneira que [vocalização] Pronto! Em volta ali da presa, havia assim comer: toros, erva. A cabra esteve, esteve, escorregou e foi para para dentro. Foi para dentro, arrastou-se para diante, foi para essa tal bancada. Mas aquilo não se via. Pronto. E descuidáramos. Ao fim de oito dias Por isso, às vezes, digo para a minha gente: "À fome e ao frio, custa a morrer desde que haja saúde"! A cabra esteve ali oito dias. [pausa] Sem comer e sem nada. O que tinha era água com fartura.

INQ não é mau!

INF1 Isso Isso de ele água tinha com fartura. [vocalização] A água estava por aqui assim e ela estava aqui nesta bancada. Pronto. E eu a ver, vinha a passar por abaixo [pausa] e sinto-a berrar. "Olha"! [pausa] Estava um irmão que que tenho: "Ó Delmiro, olha que a cabra está aqui na presa". "Está"? Eu vou então por acima, por acima, [pausa] e ele chegou , [pausa] botáramos à presa e estava ela. Mas era a caveira. Era a caveira. era preciso pegarem pegarem nela. Depois tive que pô-la fora, [pausa] não tinha fortaleza nenhuma! Oito dias ali, homem!

INQ Pois.

INF1 E uma certa altura Bom, [pausa] leváramos aquela para baixo, e [vocalização] veio para o meio das outras, pronto! Uma certa altura, o irmão que eu tinha, que era o mais velho [pausa] em casa onde eu fui criado, não Porque era para trazer um saco de batatas às costas, mas ele não podia, deixou as batatas e veio-se embora por abaixo. Minha mãe [pausa] exaltou-se com ele: "Eu vou buscar as batatas"! Era de noite. E rompe a noite acima, por por o caminho acima e foi em cima ter à [vocalização], à para trazer as batatas. Chegou : "Ora, [pausa] é tão tarde! não vou"! Deitou-se no na palha. Abriu a porta, ele foi para a caniçada. O que é que se resultou? [vocalização] Que estava a escandelecer [pausa] e dá-lhe a vontade de verter águas. E quando se ele alevanta, abre a porta, estava o lobo assentado, no estendedouro, [vocalização] em frente da porta. E dizia então ele: "Foram dois que tiveram medo: fui eu e ele". [vocalização] Quando ele lhe abriu a porta, o lobo estava assim a olhar de lado. O meu irmão encarou com ele, diz que lhe dava a lua no peito. Tinha o peito saliente. Que lhe dava a lua no peito. E vai então o meu irmão: "Ó rapaz, que estás a fazer"? Quando lhe assim disse, virou-lhe aos quartos traseiros e botou-lhe para uma mancheia de areia para cima, a esgravatar, que até sentiram as areias na porta, dizia ele. Ó rapaz, aquilo é que ele parece que levava lume a fugir! Naquela altura, ponto final.


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