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UNS20

Unhais da Serra, excerto 20

LocationUnhais da Serra (Covilhã, Castelo Branco)
SubjectA oliveira, a azeitona e o azeite
Informant(s) Delmiro Diomedes
SurveyALEPG
Survey year1997
Interviewer(s)João Saramago Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

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INF1 Era aquelas duas caixas ali

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 E esta aqui era do azeite.

INQ1 Sim senhor.

INF1 E ele a água vinha no cimo do azeite e ia para aquela [vocalização] no cimo da água e ia para aquela poça. E quando aquilo estava cheio, tinha um coadoirozinho, até era: chamavam-lhe aquilo abetouros.

INQ2 Chamavam-lhe como?

INF1 Abetouros.

INQ2 Abetouros?

INQ1 Abetouro.

INF1 Abetouro. A gente punha assim e aquilo ia passando aqui meio coado o azeite, meio coado. E estava então a correr por uma calezinha, para aqui para outro pio. E o lag-, e o E o chefe do lagar, o autor, estava ali a ver correr aquela mercadoria toda. Com o calo e com a prática via quando estava a água.

INQ2 Pois, pois.

INF1 E quando era a água, abria a torneira aqui por baixo, [pausa] e saía a água.

INQ1 Rhum-rhum.

INQ2 E saía água.

INF1 E vendo que estava uma certa fundura, tapava outra vez, tornava a encher.

INQ2 Pois, pois.

INF1 Tornava a encher. E depois em vendo que precisava de outra coisa, [vocalização] consoante a porção que tinha, além do lag- do azeite que havia de sair

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 Porque o que vale é o calo e a prática.

INQ2 Claro.

INQ1 Pois.

INF1 E depois ele tornava a sangrar, tornava a bater. Quando acabava aquela mercadoria toda, [pausa] iam indo chamar os fregueses. Mas quando iam chamar os fregueses, o lagareiro sabia o que estava. sabia os l- os litros que estavam ou os alqueires.

INQ2 Pois.

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 Nós era alqueires.

INQ2 Era alqueires que chamavam?

INF1 Era.

INF2 Sim, sim.

INF1 É um cantarito [pausa] que têm de medida, chamavam aquilo o alqueire.

INQ1 Rhum-rhum. Sangrar era tirar o azinagre para fora? O azinagre para fora?

INF1 Pois.

INF2 Sim, sim, sim.

INF1 E ele depois, o lagareiro, com a prática, com o calo, que tinha Porque um andava uma porretada de anos.

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 E E depois ele, então, via com: "Olha, , tenho de chamar fulano". Têm uma relação. "Chamar fulano, chamar aquele, chamar aquele" , que era os donos do, do do lagar. E eles ele não media, não mexia no azeite, sem ali estarem todos.

INQ2 Pois.

INF1 E depois então, cada um trazia a sua vasilha, e ele via na relação os quilos da azeitona que tinha para dado.

INQ2 Rhum.

INF1 Tiravam a percentagem deles: [pausa] da lenha [pausa] do E para o patrão, por exemplo, eram três, [pausa] a metade era do patrão, e a outra metade era a dividir por por os outros.

INQ1 Rhum-rhum.

INF2 Por os lagareiros.

INF1 Por os lagareiros que estavam. Tosse E ali no Tortosendo, [pausa] para onde nós dávamos agora estes últimos anos, nunca ia ninguém ao azeite. Pagava com o dinheiro ao fim do tempo.

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 Que era ele para não andarem a roubar.

INQ2 Pois.

INF1 Porque o senhor, na idade em que está, deve saber bem: nunca tenha daquele que faz folhas.

INQ2 Faz folhas?

INF1 Pois.

INQ1 Faz a contabilidade.

INQ2 Ah!

INF1 Nunca tenha daquele que faz folhas. Aquele que faz férias, para ele sempre .

INQ1 Sim senhor.

INF1 E ele, aquele também não quer ninguém ao azeite.

INQ1 Pois.

INF1 Ele paga tanto por mês, ou por dia, ou por semana.


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