INQ1 E se eu for regar, também posso dizer que vou à rega? Ou não? Não se diz rega?
INF1 Rega quando quando lhe pertence.
INQ2 Pois.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 Temos o, temos o Temos água que é só nossa [pausa] e tem outra que é por ordem. [pausa] Tem outra que tem um dono – tem um homem. Por exemplo, esta levada que passa aqui e outra do lado de lá [pausa] do povo, [pausa] um homem contrata esta levada que aqui passa [pausa] para aí uma a quase um quilómetro…
INF2 Está a chover? Está a chover?
INF1 É quase um quilómetro. Um homem
INF3 Não chove.
INF1 O homem é que arremata todos os anos esta levada.
INF3 Hoje não chove. Só chove amanhã.
INF1 Arremata, por exemplo, por, [pausa] por quinhentos, por exemplo por quinhentos contos, [pausa] nos três meses do Verão. [pausa] Arremata esta levada por por quinhentos contos. Aqui do pontão para cima – deste pontão aqui onde a gente passou –,
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 daqui para cima, que gastam desta água, é, por exemplo, a trezentos escudos à hora; [pausa] do pontão até ao cabo, está justo por quinhentos contos. O senhor tem uma horta, que é mais ou menos medida [pausa] com quem sabe.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 Eu tenho outra horta que é mais pequena. [pausa] O senhor tem, por exemplo, uma horta que tem, por exemplo, lá hora e meia de água. E na E em hora e meia faz da água o que quer. A minha é um bocadinho maior, [pausa]
INQ1 Fazem duas.
INF1 posso ter duas ou três horas, por exemplo, uma tapada maior.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 Já têm uma Já têm uma folha já já de antigo. Já é de antigamente, já medido por pessoas…
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 O senhor paga, por exemplo, seiscentos paus; eu pago, por exemplo, mil e tal. As horas que lá tem é as que paga.
INQ1 Pois, mas quando…
INF1 Já vem na folha.
INQ2 Rhum-rhum.
INQ1 Qual é a vantagem daquele que arremata por quinhentos contos? É porque acha que vai fazer mais do que os quinhentos contos na rega? Daquele que na paga que vai receber de mim e do senhor e dos outros?
INF1 Por exemplo, esta levada sai sai em sessão. Sai em sessão. Fazem uma sessão, ali no salão do padre. Fazem uma sessão. Juntam-se ali muitos homens. [pausa] Um faz quinhentos, e outro faz quatrocentos, e outro faz setecentos, e outro faz mil. [pausa] E é: vai a lanço.
INQ1 E esse dinheiro vai para onde? Eu é que ainda não percebi. Esse dinheiro, os setecentos contos, quem é que os recebe?
INF1 Esse dinheiro, [pausa] esse dinheiro vai a lanço.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 Esse dinheiro vai a lanço. [vocalização] O senhor faz, por exemplo, faz mil – mil contos. Eu faço oitocentos. O outro senhor faz seiscentos. Vai o outro faz quinhentos. O que menos faz… [pausa] O que menos faz
INQ2 O que fizer mais barato?
INF1 O que menos faz, mas se é competente…
INQ2 É que fica com?…
INF1 Se o homem é competente para tratar daquele problema, é esse de quinhentos que faz mais barato é que fica com ela.
INQ1 Mas, fica…
INF1 Se não é competente, não lha dão.
INQ1 Pois. Mas esses quinhentos contos, quer dizer, ele vai receber quinhentos contos?
INF1 Ele depois…
INQ1 Ou ele é que vai pagar quinhentos contos?
INF1 Vai receber! Porque ele anda aqui três meses…
INQ1 Ah, para tratar… Vai receber quinhentos contos para tratar da levada durante esses três meses, é isso?
INF3 Pois.
INF1 Para dirigir a água.
INQ1 Ah!
INF1 O senhor tem uma horta, eu tenho outra, aquele tem outra, e depois o homem [pausa] e depois o homem é que diz…
INF3 Ainda eu ontem paguei mil escudos…
INF1 Vão-lhe pedir a água: "Ó fulano, então não me dás a água para a horta"? "Hoje não. Hoje não pode ser. Amanhã. Amanhã, se calhar! Se não calhar é para depois".
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 Eu vou também: "Então, ó pá, então não me dás a água"?, e tal, tal [vocalização]. "Espera lá um bocadinho". Ou fica para amanhã, ou fica para de noite, ou fica para de dia, ou para terça ou para quarta-feira. Orienta. É um orientador.
INQ1 Sim.
INF1 Orienta aquilo durante a regadia de três meses.