INQ1 O senhor só tinha um porco ou tinha mais, em casa? Em casa…
INF1 Não, tive uma altura, fui ao mercado [pausa] e trouxe de lá alguns quatro dentro dum saco.
INQ1 Quatro quê?
INF1 Quatro leitões. Fui aqui [vocalização]… Nunca ouviram falar no Tortosendo?
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 É antes da Covilhã.
INQ2 Rhum-rhum.
INQ1 Eu sei.
INF1 Fui lá, havia lá umas pessoas que vendiam, trouxe de lá quatro. [pausa] Fiquei com um, outro vendi-o… O que vendi deu-me para os quatro todos.
INQ1 Isso é que é bom negócio!
INF1 [vocalização]
INQ2 Mas cresceram cá em sua casa?
INF1 Não. Tive-os cá pouco tempo. Tive-os cá pouco tempo. Fiquei com um…
INQ2 Um quê?
INF1 Um porco. Fiquei com um para eu criar; [pausa] dei outro de meias; [pausa] vendi outro… Não, eu fiquei ai, eu fiquei com dois. Eu fiquei com dois; e dei outro de meias; e outro vendi-o. De meias, quer dizer, dei-o de meias a uma pessoa. [pausa] Eu comprei, dei-o de meias a uma pessoa; a pessoa criou; no fim de estar criado, quando o quisesse quando o quisesse vender, era metade para ela e metade para mim.
INQ1 Rhum-rhum.
INF2 Ou que o matassem, era a metade para cada um também.
INQ2 Pois.
INQ1 Mas aqui era normal as pessoas, cada um ter o seu porquito de perto de casa, para, para ter comida?
INF3 Era, era. Todos tinham.
INF1 Era quem queria. Havia aí quem não tivesse.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 Havia aí quem não tivesse.
INQ2
INQ1 Mas o senhor teve? Chegou a ter, como já disse, não é?
INF1 Eu Eu tive. E depois nessa altura comprei comprei quatro. Trouxe-os dentro dum saco, [pausa] do Tortosendo para aqui, ao ombro.
INQ2 A pé?
INF1 Ao ombro, a pé. Fui eu mais um colega.
INF2 E era mais longe que é agora.
INQ2 Era mais longe, que a estrada era pior?
INF2 [pausa] Era mais longe.
INF1 É como digo: um [vocalização] fiquei com dois.
INQ1 Com dois quê?
INF1 Com dois porcos, dois leitões. [pausa] Outro vendi-o. Deu quase para os quatro leitões.
INF3 Mas um criáramos.
INF1 Eu fiquei com dois, e vendi outro à senhora Dora, [pausa] três.
INQ1 Foi um de meias.
INF1 E um de meias, quatro. [pausa] Eu fiquei com dois, e depois o meu filho que Deus tem – que morreu já quase há vinte e cinco anos, o nosso Dirceu – [vocalização] também ainda era assim garoto, o bácoro, o porco, saiu para a rua aí pel- pela rua acima, ele foi atrás dele, trazia um troço duma couve grande na mão, deu uma trancada ao leitão, partiu-lhe a espinha.
INQ2 Com uma couve?
INQ1 O troço.
INF1 Com um troço duma couve.
INQ2 Um troço duma couve.
INF1 Era um troço muito grosso.
INQ2 Ah! Daqueles já, muito grandes!
INF2 Daquelas cortadas, com o toro muito alto.
INQ1 Ele era pequenino, não era?
INF1 Uma couve Uma couve aí com algum metro… Um troço, um tro-
INQ2 Então, morreu o porco?
INF1 Morreu. Morreu porque part- partiu-lhe a…
INQ2 E comeram-no?
INF3 Não.
INF1 Comi agora!
INQ2 Porquê? Não se pode comer? Ah, porque não foi sangrado!
INF1 Pois, não foi sangrado. Ainda esteve aí algum tempo para morrer. Aventou-se. Aventou-se.
INQ1 Mas quando… Disse que era… O bácoro tinha ido para cima. O que era o bácoro?
INF1 O porco andava por aí a fugir,
INQ1 Sim.
INF1 pelas escadas acima, e o meu filho para o amandar cá para baixo, para ir para a loja, deu-lhe uma trancada com com o toro da da couve.
INQ1 Pois, pois.
INF1 Aquilo era [vocalização] era fraquinho, partiu-lhe a espinha.
INQ1 Pois, mas pareceu-me ouvir o senhor falar num bácoro?
INF1 Não.
INQ1 Não? Então fui eu que percebi mal.
INF1 Ou bácoro ou porco. Ou [vocalização]
INQ1 Pois é isso.
INF2 Há lugares que chamam bácoro também.
INQ1 Mas aqui?
INQ2 Mas aqui não se chama bácoro, pois não? Ou chama-se?
INF1 Chama. Chama.
INQ2 Também se chama bácoro?
INF2 Há lugares que chamam.
INF1 Chamam.
INQ2 Mas o bácoro é quando é pequeno ou quando é grande já? O bácoro é já grande?
INF1 Seja como for. Quando é pequeno, leitão.
INQ1 Acabado de nascer?
INF1 Ah, mesmo com mesmo com dois ou três meses é leitão.
INQ1 E depois, mais…
INF3 Quando são grandes são bácoros.
INF1 E depois bácoro. Bácoro ou porco.