INQ1 Mas depois o que é que se tem de fazer às castanhas? Põem dentro de uns sacos e depois?
INF Pois, e depois vai para dentro do secadeiro, essa que é seca.
INQ1 O que é o secadeiro?
INF Um lume Um secadeiro é uma casa, uma casa com um sobrado, tudo aos buraquinhos, e faz-se um lume lá debaixo, para se secar. Está ali, por exemplo, dois meses ou assim…
INQ2 Sempre com o lume por baixo?
INF Sempre com o lume por baixo. No fim dos dois meses, está pronta vai. [vocalização] Dantes, pisava-se. A gente ali com um cabaz, com um cesto [pausa] assim redondo, botava-se para ali uma taleigada e toca de pular ali, dentro daquilo, para se tirar. Depois, aquilo moía-se, saía aquela moinha, a pele. Saía [pausa] pelos buraquinhos do do cesto e ficava a castanha limpinha ali dentro do cesto. Pois. Era o trabalho que dava. Mas, hoje já não…
INQ2 Mas essa castanha era guardada?
INF É g- É guardada. Isso é Fica também duns anos para os outros. Mas, quer dizer, em ficando duns anos para os outros, dá-lhe em dar um bichinho que lhe chamam a ponilha. Dá-lhe em dar aquele bichinho e a castanha parece que se põe assim um bocado [vocalização] descorada, põe-se assim um bocado diferente da cor que na- da cor natural. Pois e. Mas há aí [pausa] certa gente que sabem tratá-las. Quando é o fim dum ano, estão iguaizinhas às novas. Mas é preciso [vocalização] uns tratamentos. Os tratamentos é que não sei como são. Não sei o que lhe fazem. Mas fazem-lhe uns tratamentos quaisquer. Dão-lhe umas voltas, umas vezes para ali e depois para aqui. Dão-lhe aquelas voltinhas. Aquilo depois, por fim de tempos, por fim de um ano, rendem a mesma coisa que rendem as novas. E a vista é a mesma. Mas é preciso tratá-las. Se não as tratar, aquilo [pausa] levam caminho. Pois, assim é que é.