INF1 Aqui na nossa zona, os passarinhos também, coitadinhos, também têm sofrido muito.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 E mesmo o 25 de Abril também não foi muito bom para eles. Não foi. [pausa] Pois. Apareceu aí uma remessa de [vocalização] de gente sem [pausa] sem cabeça e andaram aí a fazer aí grandes sarilhos. Pois. Isso houve aí [pausa] umas grandes vigarices. Coisas muito mal feitas, até porque isto não se admite. Não se admitem coisas dessas. Isso não se admite mesmo. Gente [vocalização] Pois não são mais que é selvagens, chama-se àquela gente. Aquilo é gente selvagem. Andaram Arranjaram ali uma mezinha, essa gente, e então deram em passar de mão em mão, duns para os outros, essa coisa toda, foi tal e qual como a droga, aí no, na nessa rapaziada aí de dezoito anos, e dezanove, e quinze, e dezasseis. Apareceu aí uma coisa de droga que eu até fico parvo! Como é que uma pessoa vai tomar uma coisa que que o prejudica?! Aqui há uns tempos, morreu para aqui um moço ou dois, noutros sítios coisa e tal, e a aparecem calçadas com a droga! Como é que uma pessoa vai agora fazer um fumar uma coisa duma droga, uma coisa que o prejudica?! E fazem. E aqui apareceu uma remessa de gente com essas ideias [vocalização] de drogas. É gente doida! E [vocalização] Apareceram aqui com um trigo roxo, um trigo. Depois com um preparo qualquer, deitam aquele preparo no trigo, deitam aí em qualquer parte. Os passarinhos, coitadinhos, vão tumba-tumba picar naquela brincadeira, oh, quando é ao fim dum bocadinho, começam a bater as asas, a bater as asas, caem para o lado, eh, é aos moitões! Oh! Então tem morrido tudo, têm matado tudo que não há aqui um! Era uma zona que a gente saía a qualquer banda… Olhe aqui onde aqui no meu quarto, ouvia-se aqui neste [vocalização] neste [vocalização] coiso aqui [pausa] atrás… Apareciam todos os anos, todos os anos! Apareciam aqui uns rouxinóis olhe, em vindo ali das três horas da manhã até de manhã, parecia a gente parecia aí uma música aí que era uma uma coisa parva. Há uns dois anos ou três para cá, não se ouve um passarinho aí vir piar. Canalhas dum cabrão deram cabo de tudo! E deram cabo de tudo, porque isto é assim: deitam isso e aqueles pássaros que comem trigo, [pausa] comem-no e morrem. Eles [pausa] no outro dia vão lá buscar os pássaros. Mas sempre há ocasião de ir um cair mais longe, que eles não vêem, deixam-no lá. Abala um desgraçado dum corvo, coisa e tal, que gosta de da caça, coisa e tal, vê lá aquele passarinho, vê lá aquele passarinho, coisa e tal, e papa-o. O pássaro está envenenado, oh, ao fim dum bocadinho é ele que bate os [nome] também. E então vão morrendo assim atrás uns dos outros.
INF2
INQ2 Para que é que as pessoas matam os pássaros?
INF1 Então e o que é que você quer?! É para os comerem! Matam-nos para os comerem!
INF2 Tem muitas raças!
INQ2 Mas eles estão, estão envenenados!
INF1 Então, e o que é que você quer?! Então e o conhecimento, porque é que ele hoje não têm algum conhecimento?! [pausa] Pois. Então e depois abalam com eles, não sabem o que é que fazem. Depois abalam com eles, chegam aí ao pé dum gajo qualquer, vendem-lhos. E esse gajo paga-lhe aquilo tudo e leva-os lá para Lisboa, para aqueles cafés, para aqui, para além, ou para Beja, ou para terras dessas, e eles querem lá saber!