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AJT15

Montes Velhos, excerto 15

LocalidadeMontes Velhos (Aljustrel, Beja)
AssuntoAs aves
Informante(s) Herodiano Iria

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INF1 Aqui na nossa zona, os passarinhos também, coitadinhos, também têm sofrido muito.

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 E mesmo o 25 de Abril também não foi muito bom para eles. Não foi. [pausa] Pois. Apareceu uma remessa de [vocalização] de gente sem [pausa] sem cabeça e andaram a fazer grandes sarilhos. Pois. Isso houve [pausa] umas grandes vigarices. Coisas muito mal feitas, até porque isto não se admite. Não se admitem coisas dessas. Isso não se admite mesmo. Gente [vocalização] Pois não são mais que é selvagens, chama-se àquela gente. Aquilo é gente selvagem. Andaram Arranjaram ali uma mezinha, essa gente, e então deram em passar de mão em mão, duns para os outros, essa coisa toda, foi tal e qual como a droga, no, na nessa rapaziada de dezoito anos, e dezanove, e quinze, e dezasseis. Apareceu uma coisa de droga que eu até fico parvo! Como é que uma pessoa vai tomar uma coisa que que o prejudica?! Aqui uns tempos, morreu para aqui um moço ou dois, noutros sítios coisa e tal, e a aparecem calçadas com a droga! Como é que uma pessoa vai agora fazer um fumar uma coisa duma droga, uma coisa que o prejudica?! E fazem. E aqui apareceu uma remessa de gente com essas ideias [vocalização] de drogas. É gente doida! E [vocalização] Apareceram aqui com um trigo roxo, um trigo. Depois com um preparo qualquer, deitam aquele preparo no trigo, deitam em qualquer parte. Os passarinhos, coitadinhos, vão tumba-tumba picar naquela brincadeira, oh, quando é ao fim dum bocadinho, começam a bater as asas, a bater as asas, caem para o lado, eh, é aos moitões! Oh! Então tem morrido tudo, têm matado tudo que não aqui um! Era uma zona que a gente saía a qualquer banda Olhe aqui onde aqui no meu quarto, ouvia-se aqui neste [vocalização] neste [vocalização] coiso aqui [pausa] atrás Apareciam todos os anos, todos os anos! Apareciam aqui uns rouxinóis olhe, em vindo ali das três horas da manhã até de manhã, parecia a gente parecia uma música que era uma uma coisa parva. uns dois anos ou três para , não se ouve um passarinho vir piar. Canalhas dum cabrão deram cabo de tudo! E deram cabo de tudo, porque isto é assim: deitam isso e aqueles pássaros que comem trigo, [pausa] comem-no e morrem. Eles [pausa] no outro dia vão buscar os pássaros. Mas sempre ocasião de ir um cair mais longe, que eles não vêem, deixam-no . Abala um desgraçado dum corvo, coisa e tal, que gosta de da caça, coisa e tal, aquele passarinho, aquele passarinho, coisa e tal, e papa-o. O pássaro está envenenado, oh, ao fim dum bocadinho é ele que bate os [nome] também. E então vão morrendo assim atrás uns dos outros.

INF2

INQ2 Para que é que as pessoas matam os pássaros?

INF1 Então e o que é que você quer?! É para os comerem! Matam-nos para os comerem!

INF2 Tem muitas raças!

INQ2 Mas eles estão, estão envenenados!

INF1 Então, e o que é que você quer?! Então e o conhecimento, porque é que ele hoje não têm algum conhecimento?! [pausa] Pois. Então e depois abalam com eles, não sabem o que é que fazem. Depois abalam com eles, chegam ao dum gajo qualquer, vendem-lhos. E esse gajo paga-lhe aquilo tudo e leva-os para Lisboa, para aqueles cafés, para aqui, para além, ou para Beja, ou para terras dessas, e eles querem saber!


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