INQ1 Como é que se chama umas coisas que aparecem no mar, às vezes vão dar até às praias, dão à costa, assim brancas que, se a gente lhe toca, fica logo cheio, uma comichão muito grande, muito grande, muito grande…
INF Alforrecas, exactamente. Nasce da água, mas cria-se nos calores e na água é que faz aquilo. E há umas caravelas, [pausa] que é azuis, que também chama-se carave- – a gente chama caravelas, é tal e qual uma caravela –, também é de água má.
INQ2 É de quê, também?
INF Azuis. É de água má; cria-se das águas. Às vezes as águas estão ruins, já elas se criam das águas. Mas arde muito, dá muita comichão nos braços, aí algumas.
INQ1 E aquilo é o diabo, não é?
INF É! A alforreca até é venenoso. Até pode cegar uma pessoa. [pausa] Não se pode mexer. [pausa] Uma coisa que desfaz-se.
INQ1 Desfaz-se e uma pessoa fica cheio daquele veneno todo.
INF Pois. E depois dá as picadas. É insuportável.
INQ2 Essas caravelas de vez em quando vêm ter aqui assim à praia?
INF De vez em quando vem à praia, de vez em quando. Quando, às vezes, se vê estes…
INQ2 Eu aqui há tempo, aqui há tempo apanhei umas…
INF Exactamente. É pouco, não é sempre que aparece. Tem períodos de tempo que não aparece. É conforme os tempos, a época do tempo. Assim de Verão, e conforme as águas, quando vêm as águas, que se veja para dentro de água e traz aquelas coisas… Faz-se do mar, cria-se assim.
INQ1 Em Sesimbra, às vezes, chegam a dar à praia assim às quinhentas alforrecas.
INF Ui! Alforrecas há muitas, agora caravelas há menos. E há então [vocalização] E há então [vocalização] a tartaruga, que vem do vindo o [nome], vem lá do destino delas às praias, e vem su- correndo o mar e a gente às vezes apanha-as.
INQ2 Ah sim?
INF A tartaruga. Com a aguagem apanha-se. Não quer dizer que haja sempre. De Inverno pouco aparece.