INF1 Também se diz que estava de barriga cheia. Mas a [vocalização] o remoer, há aí um pormenor do mo- do remoer… Porque antigamente as pessoas, não havia veterinários, as pessoas não usavam medé- médicos, não tinham medicina. Mas quando a vaca aparentava doente, deixava de remoer. Sinal de doença é a vaca não remoer.
INQ Sim.
INF1 E ia-se aos curiosos, pessoas que tinham [vocalização] uma certa habilidade, uma certa um certo conhecimento e receitavam remédios de [vocalização] caseiros: chás de ervas, aguardente de arrúdia feita com chás de marcela, de nêveda, de poejo. Havia vacas constipadas havia…
INF2 Os galhos frios também era…
INF1 O galho frio também era um m-, um dos das maneiras de de, de dia- diagnosticar a doença. Só que a vaca dava sinal de melhorar de melhoras quando começava a remoer, quando voltava a remoer.
INQ Como é que chama à porcaria da vaca?
INF1 Estrume ou bosta.
INQ E tinha um sítio onde se arrumava a bosta toda que era para depois levar …?
INF1 Sim. [vocalização] Está O gado, quando estão em casa, a gente chama a rua do esterco. Portanto, havia [vocalização]…
INQ Isso era cá fora, depois? Fora de casa…
INF1 Na rua. Tem Tem a cova do gado.
INQ Rhum-rhum.
INF1 Chama-se a cova do gado e todos os dias, ou de manhã ou à noite, eles limpam a cova, deitam fora na rua, e aquele esterco fica ali a curtir – chama-se o esterco –, porque eles fazem cama com toro com o toro do milho, com mondas… E aquilo fica ali a curtir para depois quando as terras estão despejadas se estrumar as terras, deitar ester- esterco na terra.
INQ E o do porco também ia para o mesmo sítio ou ficava mesmo no próprio?…
INF1 Depende. [vocalização] Quando os [vocalização] o porco fica perto da rua do esterco, pois, como é o nosso, no meu caso, tanto se deita o esterco da vaca como se deita o esterco do porco. Mas quando ficava mais distanciado [vocalização]… Antes também se fazia cama aos porcos, também se serrava toros nos palh– nos currais.
INQ Pois.
INF1 Agora normalmente os currais todos são acimentados, são é lavados e não se faz estrume, não se aproveita o estrume do porco. Aproveita-se mais a urina do porco do que o estrume. Porque quando o estru- quando o curral é lavado, desfaz aquele esterco do porco, e torna-se num líquido e as pessoas também estrumam as terras com a urina do porco.
INQ Rhum-rhum.
INF1 Mas mais perto. Não Não é transportado para terras longe.