INQ Chamava-lhe o quê?
INF As lavaduras. [vocalização] Agora já nem por isso eles usam tanto a lavadura porque há muito almeice, muito [nome], muita coisa. Mas [vocalização] a gente precisa
INQ Almeice é o quê?
INF Almeice é do [vocalização] de fazer o queijo. [vocalização] Fazem Levam o leite para a fábrica e depois fazem o queijo, trazem o almeice, repartem por a [vocalização] por as pessoas que vendem leite.
INQ Portanto, o, fa-, eles, eles fazem, eles tiram, fazem o queijo e o almeice é o que sai do queijo?
INF É, sim senhora. E [vocalização] depois então deitam uma aos porcos. Hoje em dia, quase todos, deitam [nome] e milho. [vocalização] Não, lavaduras, já nem por isso ajuntam. Mas a gente antigamente era lavaduras [vocalização] e couves cozidas, como as que tenho ali… Cozia-se couves, ia-se ao jarro – como o meu marido disse ontem que íamos ao jarro para deitar e [vocalização] assim com …
INQ Mas não era jarrocas, era jarros? Não era jarros daqueles pequeninos.
INF Era jarros, não era jarrocas. Jarrocas era bom só para cozer. A gente cozia com as c- caldeado com as couves. Por exemplo, as batatas miúdas, havia muita batata da terra, a gente cozia aquelas mais miúdas caldeadas com aquilo. No tempo das batatas-doces – como agora neste tempo –, apanhava-se batata-doce, deitava-se então… Já então quando a gente estava perto de o matar, se tinha muita, deitava mais, se tinha, e se não era perto de o matar, porque eles então se provassem batatas-doces não queriam mais nada.
INQ Ah! Eram gulosos!
INF Não queriam comida guisada, nem nada. Eram gulosos!
INQ E esse tempo, porque antes… Quando estava próximo de o matar davam-lhe essas comidas melhores, era?
INF Era, era melhor. Por exemplo, as batatas-doces era ali perto… Se tinham muitas, começava-se mais atrás. Porque dantes, só se matava de ano a ano, em Janeiro. Agora matam muitos porque há muito almeice, muita coisa, e criam e matam. [vocalização] Matam muitos por ano. Mas a gente antigamente era só um por ano. Ele, já se sabe, estava gordo; a gente não nos servia estar a [vocalização] a botar-lhe muito cedo… A gente melhor o aguentava com comida guisada mais tempo, porque não o queríamos matar senão para Janeiro. Ele era assim de matar ele lá para o fim de Dezembro, perto do Natal, entre o mês do Natal e depois em Janeiro. Então se tínhamos uma mancheia de batata… Eu ou outra pessoa qualquer, se tinha muita batata-doce, começava-lhe, por exemplo, a deitar batata-doce… Começava a apanhar, começava-lhe a deitar; mas se não tinha, guardava a batata, ia comendo comida, porque a comida guisada faz muito bem. Faz os porcos criarem carne. A gente botava um punhadinho de farinha… Eu, por mim, mesmo aqui já nesta casa, [vocalização] tinha uma [vocalização]… Mas tinha mais couves do que tenho, que aquilo é só para as galinhas e para e se quero fazer uma sopa, mas eu uso pouca couve. [vocalização] Tínhamos um canto grande de couves, eu ia às couves e trazia, e botava, por exemplo, uma camada de batatas no caldeirão e botava-lhe uns punhadinhos de farinha, depois tornava a botar outra camada de couves, outra punhadinha de farinha. Depois aquilo cozia, aquilo fazia bem aos porcos! Eles consolavam-se com aquilo e aquilo fazia bem. Faz criar carne aos porcos.
INQ Pois. E isso é que chamava comida guisada?
INF É. Isso é que a gente diz que é: "Vamos comer guisa- Vamos guisar comida para os porcos". E se eles, por exemplo, não comiam as batatas da terra, as cascas, a gente ajuntava-as, depois quando cozia as couves, caldeava as b- as cascas das batatas e eles comiam. E era assim que a gente engordava os porcos, era assim. Agora, já sabe, hoje não em dia não dá trabalho porque aquilo é [vocalização], é é almeice. Deitam-lhe almeice. Chega-se agora a este tempo, a fábrica ele as vacas já dão pouco leite e isso começam a matar neles. Ele quase todos os dias há matanças. Por aqui e por ali, há matanças.
INQ Matanças de porcos?
INF É. Há matan-. Hoje já não fazem matanças como a gente fazia antigamente, porque matam muitos, não não fazem. Antigamente fazia-se muito as matanças.