INF Ah! São Pedro do Sul é longe!
INQ1 Pois.
INQ2 Pois é.
INF E olhe que eu já lá fui muita vez a mais o meu pai comprar o o, o – a gente chama os porcos àqueles que são os próprios para matar –, ir alá ia-os lá comprar e vir a pé de alá para aqui.
INQ1 Rhum-rhum.
INQ2 Que longe, hã!
INF É. Vínham- Vínhamos lá dentro da água a tocar aquilo… Ai senhor! Olhe que uma vez, de Manhouce… Escureceu-nos em Manhouce e apon- e apontou-nos o sol ainda ali abaixo em Açude. Passámos a noite toda naquela baixa, ali a tocar…
INQ1 A andar, a andar, a andar!
INQ2 Aqui não há lobos? Aqui há lobos?
INF Hã? Há lobos, há. Há lobos.
INQ1 Então e não tinham medo? Eles não vêem assim?…
INF Não, homem. Eu, medo, não. Eu não tenho medo nenhum dos lobos.
INQ1 Não?
INF Não.
INQ2 Quando, quando…
INF Eu Eu também caço. Sou caçador.
INQ2 Ah!
INF Também caço. Ainda este ano que lá vai, comprei uma arma ao meu sobrinho, ao professor – cento e trinta contos! O meu f-…
INQ2 E já caçou alguns coelhos para, para compensar a arma?
INF Não. Olhe, tirei tirei a a [vocalização] licença geral, para ir ao Alentejo para ir aonde [vocalização] aonde ele for.
INQ2 Pois.
INF E [vocalização] não fui. Só saí Só saí um dia, andei ainda um bocadito e [vocalização] matei um coelho, mais nada. Não tenho vagar. Não tenho vagar de sair. Não tenho vagar. Muito, muito trabalho!