INF1 Eu vou-lhe explicar. A gente tira um enxame – chama aquilo um enxame; [vocalização] ele estava o cort- o cortiço cheio de abelhas e a gente vê se elas estão em termos de dar enxame. Bate, bate, bate assim noutro e põe um cortiço quase sem nada. É como está a senhora [vocalização] Gabriela e o cortiço está ali assim; e a gente põe aquilo no chão, o outro, com a boca encostada um ao outro, e começa a bater no que tem as abelhas: tumba, tumba, tumba, tumba, e as abelhas começam a correr para o cortiço sem nada. Quando elas estão para dar mestra! E depois sai a mestra; só sai uma.
INQ1 Pois.
INF1 E vai lá para dentro e a gente tira-a daquele sítio e vai levá-la para longe… Sim, porque [vocalização] ele
INQ2 Pois.
INF1 se for todas, elas ga- elas ganham uma corrente para para o mesmo. E a gente mo- muda-as – como eu tenho-as aqui em baixo, naquela quinta que temos em baixo –, e muda-as para onde não possam… Nós tivemo-las mais para baixo, para a quinta que eu disse. Mudo-as para lá e elas começam a trabalhar e ali estão até… E criam-se ali colmeias e fi- e fica ali o coiso.
INQ2 Pois é.
INF1 Portanto, eu não sei dizer se é a macho ou se é a fêmea. Sei dizer que a gente diz que é uma mestra, e põe lá uma só, porque se fosse duas podia ser macho ou fêmea.
INQ2 Pois. Pois.
INF1 Mas se só põe uma…
INQ2 Rhum-rhum.
INF1 E há que… E a gente, quando, às vezes, bate, bate e passam as abelhas e não vê passar a mestra, não a vê passar para o outro cortiço,
INQ2 Sim.
INF1 sabe o que eu faço? Com um lenço preto, desses das mulheres usarem na cabeça ou um pano qualquer preto, ponho-o no chão, da, da da que eu bati [vocalização] à colmeia para lá, sim, da- daquelas que foram as abelhas,
INQ2 Sim.
INF1 volto-a com a boca para baixo, e se ela tiver mestra, põe assim umas coisinhas, uns ovinhos, compridinhos, umas coisinhas, e a gente toca-lhe e aquilo saem tudo em água. Que ela… Eu chamo aquilo varejar, [pausa] sabe? Chamo àquilo varejar. Se ela tiver tiver mestra, larga aqueles ovitos; se ele não tiver mestra, não larga nada.
INQ2 E chama-se àquilo varejar?
INF1 Varejar.
INQ1 Varejar é pôr esses ovinhos?
INF1 É. Se puser aqueles ovinhos, é varejar; se não puser aqueles ovinhos, já não vareja. Não vareja, não tem mestra.
INQ1 Pois.
INF1 Se tiver mestra, vareja; se não tiver mestra, não vareja.
INQ2 Rhã-rhã.
INF1 E a gente, se tiver mestra, pronto!, já pode tirá-lo embora, que é um enxame; se não tiver mestra, que não tenha mestra lá, já não já aquilo mal anda. Já pode levá- deixá-las lá estar que que no pa- no prazo daí de um quarto de hora elas passam todas outra vez para a mãe.
INQ1 Outra vez para o mesmo.
INF1 Para a mãe!
INQ1 Para a mãe.
INF1 Chama-se a mãe…
INQ2 É o… Aquela é a mãe, a primeira?
INF1 É aque– a primeira. E se for enxame é o o que se tira.
INQ1 Pois.
INF1 Se não, elas fogem logo, logo, imediatamente.
INQ2 Olhe, e às vezes não aparece um enxame pequeno?
INF1 Aparece um [vocalização] um enxame fora, na terra ou ou numa árvore ou em qualquer sítio, já tenho agarrado muitos desses. É, ele aparece. E a gente vai em torno das abelhas, mas está lá uma mestra.
INQ2 Rhum-rhum.
INF1 Porque se não tiver a estiver a mestra, ele não fogem foge.
INQ1 Pois.
INF1 A mestra é a que, se for preciso, foge… Porque tendo estando mais que uma mestra num cortiço, ele não se dão.
INQ2 Pois.
INF1 Uma tem que sair com as abelhas. Se o dono lá vai e bate-as [pausa] e tira-lhe a mestra, pronto, ela não foge. Se um homem não… Se o me- o dono – o dono ou uma pessoa qualquer – não vá lá tirá-las, elas [pausa] saem – com licença –, fogem com qualquer [vocalização] punhado de abelhas. Fogem e saem estes pequeninos que a senhora está a acabar de dizer.
INQ2 E como é que lhe chama a esses pequeninos?
INF1 É o enxame. [pausa] Enxame.
INQ2 Também lhes chamam enxame, a esses pequeninos?
INF1 Enxame, mas é pequenino.
INQ1 Pois.
INF1 E os outros são enxames bons. A gente o que chama ele um enxame [pausa] grande é assim com um cortiço quase cheio de abelhas.
INF2 Ele é.
INF1 E as abelhas só duram, ou dizem que duram… Não duram mais que dois a três meses.
INQ1 Ai é?
INF1 Porque a abelha, durante aquele tempo, ela cria-se. E depois, essa doença que veio é disso: porque veio e as velhas morrem, e a e depois elas fazem uma têm criança. Criança é: é ele o que faz-… Chamam criança é: nos próprios na própria cera, aquilo fica fechado e ele ali naqueles buraquinhos cria como uns bichinhos; e aqueles bichitos é as abelhas.
INQ2 Rhum-rhum.
INF1 E aquilo cria; de três em três meses, aquelas abelhinhas saem novas e as velhas morrem; mas ficam as novas, nunca morrem.
INQ2 Pois.
INF1 E aquele vi- aquela doença que veio vai matar aquelas novinhas que estão a vir.
INQ1 Ah!
INF1 Que estão dentro da própria
INQ2 Pois, pois.
INF1 da própria casula. Quer dizer, a casula é: dentro daqueles buraquinhos,
INQ1 Pois.
INF1 e depois aquele, aquela aquele mal, aquela doença matou-os, e aquelas morreram e morreram as velhas.
INQ1 Pronto. Claro, pois.
INF1 Sabe?
INQ1 E elas picam, as abelhas, não é?
INF1 Ah, pois picam!
INQ1 E aquilo que elas largam quando picam?…
INF1 É o, é o, [vocalização] é o Olhe, uns chamam-lhe o ferrão; outros chamam-lhe o bico. [pausa] Olhe que a mim, a mim, já… Oi! Têm-me mordido, logo de uma vez, para aí mais de dez ou vinte, e a minha as minhas mãos ou o meu corpo não incha.
INQ2 Não?
INF1 Não.
INQ2 Não lhe faz reacção?
INF1 Não senhor! E há outros que ficam logo [vocalização]… Eu não, não ligo nada àquilo.
INQ2 Pois é.
INF Não ligo nada àquilo. Elas Parece que elas até me conhecem. Olhe que eu vou para lá… A gente tem um peneiro – chama àquilo um peneiro: é uma rede,
INQ1 Sim.
INF1 mas que não passa – e, com uma saca, mete aquilo na cabeça, põe um chapéu por cima e a gente vê-as e [vocalização] está a ver. E eu às vezes vou lá, nem nem levo nada disso e elas não me mordem; e se mordem, ele às vezes, mordem-me na cara [vocalização]… Não ligo nada àquilo!
INQ2 Não dói nada!
INF Nada!