INF1 Aquilo o pai deu-lhe uma adoeceu e meteu-se a caminho na cama. Ele tinha tanto medo do frio que ele pendurava um ati- um fio de linha na no tirante a ver se o fio… Ele até o buraco da fechadura [vocalização] artilhava para para não apanhar vento.
INF2 Estava artilhado.
INF1 É que [vocalização] Era aquela cisma que tinha de, de não haver nenhum. Era doença, era doença. Ele deitava o fio para ver se havia vento que abanasse. Se havia um pouco de vento, ele vento não queria!
INF2 E os filhos Os filhos padeceram, coitadinhos, pequeninos. Ele seis filhos pequeninos e uma amante!…
INF1 Olha, foi a caminho , começou a lavrar, a minha tia Gabriela é que mudava o arado ela era quem …
INF2 Sim.
INF1 Tão novo e tão fraquinho que não podia com o arado! Assim quando os bois pastravam na pastradura, ele botava o rabo do arado aqui ao ao ombro e então é que pastrava. Não podia com ele na mão. Que a gente aqui pega-lhe na na mão. Mas ele era tão fraco e tão novo que era ao ombro. Maneava agora, virava os bois para trás e o arado tem que dir com os bois.
INQ1 Pois.
INF1 Ai, o meu irmão! Por aí padeceram muitos . Eram muitos.
INF2 O teu irmão ainda foi um.
INQ2 Mas quantos irmãos eram? Eram só aqueles três?
INF2 Eram três.
INF1 Eram.
INF2 Eram três. Eram três irmãos.
INF1 Então, o Filomeno foi para o Brasil.
INF2 Sim, eles eram três irmãos e três irmãs.
INF1 Era… Não. Três irmãs, não. Era só minha tia Gabriela. Era só uma. Era de ma- Para mim, era Gabriela, só uma.
INF2 Não havia também uma Georgina?
INF1 Não.
INF2 Não? [pausa] Eu pensava que eram seis.
INF1 Não. Não, eram três. Eram [vocalização] quatro! [pausa] Três machos e uma fêmea.
INQ2 O meu avô Filomeno foi para o Brasil, foi?
INF1 Foi. [pausa] E acho que ele esse do Brasil teve sete filhos. [pausa] Eles já foram visitar os nossos e os [vocalização] e os nossos nunca foram lá. [pausa] Estão lá numa parte do Brasil, não sei…
INF2 Esse Esse Filomeno parece que o estou eu vendo, fez exame aqui. Não sei o exame [vocalização] [pausa] que que estudo é que teve, mas [vocalização] fez exame.
INF1 É.
INF2 O padre [vocalização] Um padre que estava aí é que é que foi o professor deles. Prometeu-lhe um peso aos que mais soubessem. Ora ele um peso, nesse tempo, [pausa] era muito dinheiro.
INF1 Era muito dinheiro.
INF2 Era muito dinheiro.
INF1 Meu pai passou… Vá conta, conta que talvez sabes melhor do que eu.
INF2 Não, anda lá.
INF1 Não, Feliciano. Ele conta, conta!
INF2 Ele o padre prometia o peso, e [vocalização] no dia do exame vai o pai do Felício para a para a escola. A escola era no Outeiro, naquela casa onde que fica com a porta virada lá para, para para leste. [pausa] O padre lá bota os rapazinhos a ler, eles lá lêem. Acabaram de ler, [pausa] estiveram escrevendo um ditado. [vocalização] Não sei agora que erros é que tiveram. Não sei se tiveram muitos erros. Isso agora é melhor não falar. Passa uma conta a cada um deles. [pausa] Lá vai um a mostrar a conta, o padre vê a conta, agarra no lápis, dá-lhe um um traço na na conta, estava errada. Vai outro, [pausa] outro traço e ele nada. Diz que ele que era pequenino, mais pequenino que os outros. Estava fazendo a sua conta [pausa] lá e a marcar. [vocalização] Ora, ele já estava ele pegando lume de ele estar só a olhar para a [pausa] para o ar. E os outros iam mostrar as suas pedras, ele pensava agora que os outros iriam mostrar a [vocalização] ao professor que já eles estavam estavam sábios. E ele, nada. Lá quando lhe pareceu, já [pausa] zangado como uma gata, larga-se para casa. Chega a casa e pega com a mãe: "Ele é um doido! Ele é um tolo"!
INF1 "Ele é um tolo! Está só olhando para o tecto da casa e não faz nada"!
INF2 "Não faz nada! Não presta para nada! Ele há-de ir assim para as terras com a gente [vocalização] "! "Ó homem, coitadinho, ele é pequenino"! "Ele pequenino ou grande, ele não tem nada acolá, não faz nada, ele é um doido"! [vocalização] Estava muito zangado. Daí a pouco, chega o o garoto. As po- As casas, todas usavam um portãozinho fora da porta. Que era – as galinhas estavam nos pátios –, que era para as galinhas não entrarem para a cozinha. Ele chegou, era tonto que não que nem sequer chegava para abrir o portão. Atirou-se como um gato para o portão fora, para tirar uma uma tramela que o portão tinha por dentro para abrir. "Ó Filomeno, homem, paciência. O Filóxeno está zangado, diz que tu que não fazes nada, que és um doido"!
INF1 "Só a olhar para o tecto da casa".
INF2 "Só a olhar para o tecto da casa, que não fazes nada, que és assim"… "Ou doido, ou não doido, o peso está aqui". Risos Então ele: "Porque eu antes nunca vi semelhante peso"! Risos