INF1 Quer-se dizer, ele tinha [pausa] muitas propriedades, mas deixaram-lhas as tais que se diziam avós. Que, naquele tempo, ninguém era raro as senhoras saber ler… E tinha então lá uma, [pausa] uma [pausa] uma velha, que lhe chamavam Alcinda, [pausa] e [vocalização] e já sabia ler.
INF2 Sabia ler!
INF1 Sabia ler.
INF2 E fazia à mão os os fatos das noivas. À mão!
INF1 Os fa– [vocalização] Os fatos das noivas, fazia-os ela.
INF2 Era ela é que fazia os fatos das noivas daquele tempo.
INF1 E [vocalização], e depois: [pausa] E depois, então, el- essa, eu lembra-me quando é que eu queria ir lá para os meus cunhados… Os tais que se foram embora… Não quiseram Não quiseram saber de mais nada. Apareceram depois de vinte e cinco anos. E [vocalização] E eu ia à procura deles para a brincadeira, não é? E então, eu chegava e, na vez de ir-lhe perguntar por eles, já assim com um bocado de tal para que me ela não corresse, perguntava-lhe pela minha sogra falecida. Chamava-se Aldina. E então, saía-me ela à porta, com o livro na mão, como tem a senhora, às vezes, a ler com aquela idade! Que ela tinha Ela morreu para aí de noventa anos, não Albertina?
INF2 Noventa e seis.
INF1 Noventa e se-. E quer-se dizer, e lia! Aparecia com o livro à porta: [pausa] "Que queres? Aqui não há tia Aldina nem tio Aldino. Vai-te embora". Ela bem percebia que eu que ia à procura deles.