INF Até há uma coisa que aqui pouco usavam fazer, [pausa] que era o arrobe.
INQ1 E o que era o arrobe?
INF Isso aí talvez não saibam.
INQ1 Não sei não.
INQ2 Também não. Estou a ouvir pela primeira vez.
INF O arrobe [pausa] era, por exemplo: o vinho em mostro [pausa] e enchia-se meia caldeira – dessas caldeiras de cobre – de vinho [pausa] e depois punha-se a ferver. Fervia, fervia, fervia…
INQ1 Ao lume?
INF Ao lume. Ficava ali – sei lá! – até ficar uma pequena coisa. Depois ficava [vocalização]… Quando já era pouca coisa, ficava tal e qual preso como o mel. [pausa] E isso era daqui!
INQ2 Mas isso… Usava-se para quê?
INF Era para quê? Aquilo faça de contas que era o mel.
INQ2 Mas punha no pão para comer ou era só para?…
INF Para se pôr no pão e para se tomar até em jejum. Porque isso era um fortificante para uma pessoa que andasse [pausa] coisa tomar uma colher de…
INQ2 Que andasse constipado e isso?
INF Aquilo era [vocalização]…
INQ2 Arrobe?
INF Arrobe.
INQ2 Nunca, não… Nunca, nunca tinha ouvido falar nisso.
INF Pois é.
INQ2 Mas é com o vinho em mostro?
INF Com o vinho em mostro. [pausa] Tanto que havia pessoas [pausa] que que lhe crescia um bocado de vinho…
INQ2 Pois, pois.
INF Não venhas para aqui fazer barulho, vai lá para dentro.
INQ2 Deixe estar, deixe estar. Deixe estar, não faz mal.
INQ1 Pode estar aqui.
INF Ou, então, estás caladinha.
INQ1 Não, não pode é estar a falar muito porque senão fica na gravação.
INF De forma que, [vocalização] porque se lhe crescia o vinho [pausa] e então pegavam e zás, faziam o arrobe.
INQ2 Sim senhor. Era muito que ficava.
INF Isso era uma coisa muito boa!