INQ Como é que se trabalhava o linho? Não sei se a senhora se recorda …
INF Pois. O linho, quer-se dizer, leva muitas voltas. Levava muitas voltas, vá. Ora bem, por primeiro, começa-se por semear – que é é, é [vocalização] semear um campo.
INQ Rhum-rhum.
INF Depois puxava, faz [vocalização] uma coisa como a erva da semente agora, que que se corta. Depois, quando estivesse vingado, era arrancado. Havia uma máquina, [vocalização] um ripanço – chamava-lhe a gente um ripanço –, de ripar, tirar a baganha. Depois o [vocalização] linho atava-se em feixes, metia-se debaixo da água, ia para lá nove dias. Ao fim, tirava-se, punha-se a corar, estendido [vocalização] no chão, secava e corava até… Quando estivesse bem seco, era guardado. Depois ia para o engenho, um engenho de [vocalização] já próprio, desses – chamavam engenho de de moer aquilo e ficar em linho. Depois ficava em linho… Depois era feito às manadas… Depois era espadado… Depois era assedado num ripanço… [pausa] Depois [vocalização] de ser assedado, era fiado. A roca, o fuso, fiava-se. Depois [vocalização] fazia-se as meadas. Eram cozidas, iam ao forno. [pausa] Depois iam corar. Depois fazia-se em novelos e depois ia à tecelagem, ia para se tecer. Isto é, leva muita levava muita volta!
INQ Levava muita volta.
INF Muito trabalho!
INQ Rhum-rhum.
INF Depois vinha-se a… Tecia-se. Do pano tecido, era outra vez muito bem escaldado com farinha ou cinza, e depois ia corar até que a gente entendesse que ele que estava [pausa] mais ou menos bem à vontade da gente: corado, ou mais trigueiro, ou mais [pausa] mais claro.
INQ Mais branco.