INQ1 E a senhora, além de trabalhar no tear, em que trabalhava mais?
INF Dia ordenhar as vaquinhas, que o meu homem não podia – era mui doente. Eu dia ordenhar as vacas duas vezes no dia. E era a- acolá em cima, bem acolá em cima, naquele cabeço lá em cima, às vezes alguns dias. Um dia – eu tenho contado isto grandeza de vezes –, quando se fez aquele palheiro ali, eu que é que faço? Eu tinha Estavam homens chamados para vir para o palheiro. Eu não tinha pão cozido – naquele tempo não se com- não havia pão para comprar. Eu faço: escaldo o meu pão – era pão de milho –, escaldo o meu pão, faço o meu fermento, vou ordenhar as minhas vacas. Venho para baixo – vim cozer o pão [pausa] para o jantar. Botei jantar a cinco homens em casa e fui levar a dois, que estavam sachando milho lá em baixo na terra. E vou à tarde outra vez para o mato. Não foi um dia bem dado?
INQ2 Então, foi óptimo! Uma coisa!
INF Foi um dia bem dado! E como a este, muitos outros! E como a este, muitos outros, porque ele também não podia muito e eu também já não esperava por ele.
INQ2 Pois. Muito trabalho.
INF E às vezes [vocalização] embebia-me no tear. Eu cheguei a ter o tear aqui, armado aqui. E ele di- Ele estava na cama e el- e ele dizia: "Não fazes conta mesmo de te vires deitar hoje"? Que eu estava, eu estava e dia estando e dia estando. E ele dizia: "Na roda não me estrova nada. A roda de- até adormece a gente". Mas o tear é uma baldeirada agora, outra logo… [pausa] Que às vezes que se espantava até!
INQ2 Claro! Claro!