INQ1 E a parte que vai para baixo, até ao chão?
INF1 [vocalização] A gente chama-lhe a… Uns chamam a cana do milho, outros chamam os milheiros – está entendendo? Cada terra tem o seu costume.
INQ1 Sim senhor. E na ponta, na ponta da, da maçaroca, costuma aparecer assim uma, uma coisinha que tem…
INF1 É o cabelo do milho; ca- uns dizem cabeleireiro.
INQ1 Serve para alguma coisa?
INF1 Eles dizem que é bom fazer chá para…
INF2 Para a bexiga.
INQ1 Para a… Para a bexiga.
INF1 Para a bexiga. Eu já ouvi dizer.
INQ1 Sim senhor, também já. Olhe, e nunca aproveitavam?…
INF2 [vocalização] Faziam isso antigamente. Que antigamente não havia os remédios da farmácia. Aqui havia um médico [pausa] e dava para tudo e sobrava muito tempo.
INQ1 Claro.
INF1 Mas não havia tanta doença.
INF2 Hoje estão três!
INQ1 Diga-me uma coisa: esta casca mais fininha era aproveitada para quê?
INF1 Olhe, para fazer [vocalização] trança para fazer chapéus.
INF2 Para fazer tapetes. Que eu tenho ali – que fiz o ano passado – para alimpar os pés. E alimpam melhor do que os da loja.
INF1 Para fazer tapetes. Que o o meu marido fez o Inverno passado da da casca do milho – não sabe? É a modo duma trança e depois coseu bem cosido uma na outra. E ele tem ali um que eu vou-lhe amostrar. [pausa] Se quiser ver…
INQ2 Está bem. Gostava de ver, sim senhor.
INQ1 Sim senhor.
INF1 Sim.
INQ1 Mas também se fazia?…
INF1 Mas também se fazia… Eu já fiz. Trança… [vocalização] Não sabe? Com uma tesoura [vocalização] desfiava-se [vocalização] a… Com a tesoura 'dia-se' partindo assim às tirinhas, a modo de f-
INQ1 Às tirinhas, para quê?
INF1 a modo de fazer a trança [pausa] para o chapéu. Eu já fiz. Mas também dura pouco.
INQ1 Ah, para o chapéu. Para os colchões não…