INQ E quando chega a altura de tirar o folhelho ao milho, diz-se que se vai fazer uma quê?
INF1 Desfolhar.
INF2 Desfolhar. [pausa] Desfolhar.
INF1 E sabe uma coisa? Olhe que essa casaca, que esse folhelho – percebeu? –, a natureza tem coisas formidáveis. É uma, uma [vocalização] … Aquilo não é uma folha; é uma cobertura apropriada que o milho tem e que aquilo tem um isolamento que uma espiga que esteja [pausa] com a parte de cima virada para baixo, não é fácil entrar o grelo.
INQ2 Rhum-rhum.
INF2 Não. Não entra. Não entra.
INF1 É verdade.
INQ2 Rhum-rhum.
INF1 Por exemplo, o milho agora: se estivesse uma espiga, agora neste tempo, porque esteve muito inverno… Uma espiga se estiver virada para cima, pode ter os primeiros grães de cima grelados…
INQ2 Rhum-rhum.
INF1 Sabe o que é grelados?
INQ2 Sim.
INF1 Se estiver virada para baixo, está enxutinha e não tem milho nenhum grelado, nem sequer está húmida! Está aquele milho…
INF2 É.
INF1 Conserva ali a uma…
INF2 E o folhelho também é muito bom e que era usado sempre…
INF1 O folhelho era muito usado nos colchões.
INF2 E n- nas almofadas.
INF1 E almofadas.
INF2 Nós era [pausa] sempre, os colchões era, que a gente ripava todo ripadinho, todo…
INF1 É, ripava-se.
INF2 Todo ripadinho. Assim uma uma mulher qualquer, todo, sempre a ripar com… Todo. Ficava todo ripadinho. E depois enchia-se os coisos e era acolchoar os coisos, os colchões.
INQ2 Pois.
INF2 Os nossos era assim. E também usava-se muito para para as pipas, para para o batoque da pipa.
INF1 Sim.
INF2 Porque fica isolado. O vinho fica bem tapado. Ainda hoje eu uso. O vinho
INF1 Em lugar de pano no batoque… [pausa] E punha-se até
INF2 No batoque, em lugar de pano…
INF1 E punha-se até quando os tampos a tampar…
INF2 Sim.
INF1 Quando a pipa Quando os tampos eram fortes em relação à madeira da pipa, punha-se nos intervalos das aduelas, às vezes, quando havia necessidade de enchimento.
INQ2 Rhum-rhum.
INF1 Porque eu [pausa] reparei muitas pipas e tenho até aí uma dada que fui eu que fiz.