INF Os marcos são umas pedras [pausa] em forma…
INF2 Uns mecos. [pausa] Uns mecos. Uns mecos.
INF1 Sim, [vocalização] em forma de mecos.
INF2 É.
INF1 E que
INQ1 E que têm também um segredo.
INF1 têm um segredo. Que normalmente no fundo desses mecos se encontram duas pedras que se dá o nome de testemunhas. Porque eram convidados duas testemunhas, que cada uma delas lançava a sua pedra.
INF2 A sua pedra.
INQ2 Rhum-rhum.
INF1 É daí que vem as testemunhas. Hoje, de facto, não se faz nada disso. Eu quando meto marcos, que eu meto marcos em cada pedaço, muitas vezes, e [vocalização] lá ponho sempre duas pedrinhas. Mas não são as testemunhas, sou eu que ponho duas pedrinhas – não conta-se por testemunhas, não –, que é para se distin- distinguir que, na realidade, que se trata dum marco.
INF2 Sim, porque às vezes não se sabe.
INF1 Porque depois o marco partiu, ou quê, fica só lá um bocadinho e tal, não se sabe: "Olha está aqui uma pedra, mas não é marco"!
INF2 E não se sabe. Acontece como no nosso maninho.
INF1 Eu tive outro dia uma coisa curiosa, que foi aqui nas minhas leiras, aqui em frente à escola, porque se fez ali uma rua, alargou-se, e tiraram-se os marcos das estremas. E os marcos do meio quase já tinham desaparecido todos agora com a história dos tractores. Porque, sabe, os tractores vão a puxar de noite e, por mais, o tractor pega num marco, arranca aquilo tudo e não se dá por ela.
INF2 À noite. Pois, pois. [pausa] Pega e arranca.
INF1 Os do Os dos meios quase tinham desaparecido todos. E então, acontece que nós fomos corrigir essa marcação, [pausa] meter marcos novos, e coincidiu, deu em fazer a cova com um marco novo e encontrar as testemunhas doutro.
INF2 Estava lá um velho. [pausa] Ora vês?
INF1 Porque aqui na nossa zona não é o que se pensa. Aqui há zonas… Eu tenho treze bouças juntas, por exemplos. Pois nessa nessas bouças juntas se se quiser a uma pedrita do tamanho duma pinha, é difícil de arranjar. [pausa] Porque são zonas que não tem pedra.
INQ2 Pois.
INF1 E as que têm, nalguma forreira dalgum valo, que é o único sítio onde há pedritas assim, [pausa] foi pedra que se levou para a obra.
INF2 Sim. Ali em baixo.
INF1 Porque pedras dali não há!
INF2 Não há.
INF1 Pedras dali não há. [pausa] E então os marcos e as testemunhas é isso: são os marcos que separam…
INQ2 Rhum-rhum.
INF1 O marco é a primeira coisa que vale e isso, cada passo, a gente vai ver… Eu e colegas vamos ver o que é que nos parece nesta, porque há problemas nisto e naquilo. Quando aparece o marco, é a primeira coisa a respeitar-se. Depois disso são os sintomas, a forma como a coisa se afeiçoa.