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GIA34

Gião, excerto 34

LocalidadeGião (Vila do Conde, Porto)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Cosme Cunegundes

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INQ Nos campos, quando estão, quando têm trigo ou milho, ou, ou até nas hortas, não se costuma pôr assim um boneco para espantar os pardais?

INF1 Espantalhos.

INQ Espantalhos.

INF1 Espantalhos. Esses espantalhos põem-se é nas figueiras.

INQ Nas figueiras?

INF1 É nas figueiras e n- e realmente nas árvores, e tal.

INQ Rhum-rhum.

INF1 No trigo costuma pôr-se [pausa] costumava pôr-se mas era uma palma benzida, uma folha de palma benzida.

INF2 Era.

INQ Ai era?

INF2 Palmeira. Uma palma grande. Trazia-se [vocalização] as palmas maiores que pudesse que era para ele crescer. Quanto maior Que era para para crescer.

INF1 A palma [pausa] Pois. A palma que se ia benzer no dia de Ramos, [pausa] na sessão de Ramos, tinha duas coisas por finalidade.

INF2 No dia de Ramos.

INF1 Uma era pôr uma palma no trigo em casa punha-se sempre, no tempo da minha mãe , [pausa] e outra era guardar também um bocado duma palma para, quando viesse trovoada, queimar.

INF2 Nós também. Também se punha. Trovoada. Era, era.

INQ Mas essa palma do trigo era para espantar os pardais?

INF2 Não, não.

INF1 Não! Não. Para isso, era um espanta- um, um.

INQ Um espantalho. Então para que é que era?

INF1 Um espantalho.

INF2 A palma era para

INF1 Como era o espantalho?

INQ Não, para que é que se punha a palma no trigo?

INF2 Para crescer.

INF1 A palma no trigo era para abençoar o trigo.

INF2 E para crescer. E também na altura da praga, também.

INF1 Para crescer?! Risos

INF2 Para ser uma, uma Para dar uma palma alta.

INQ Sim senhora.


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