INF1 A senhora sabe porque é que eu estou esquecido?
INF2 Uns teimosos, que havia. [pausa] Era.
INF1 Porque eu tive uns grandes aborrecimentos de vida derivado de me ter carregado muito de família, e aborrecimentos da vida de andar muito ano na pesca da alvacora e sem ganhar nada. E agora, ultimamente, depois de já velho é que já sempre vou levando mais um vintém e ainda por enquanto sozinho a trabalhar. [pausa] Já agora já vem mais um vintém, a minha mulher já se quer puxar por quinhentos ou mil escudos, para ir comprar uma coisa qualquer e vai.
INF2 Ai! É outra coisa! [pausa] E já [vocalização] E agora daqui para lá os rapazes também vão a estudar; já não ajudam quase nada aos pais. Vão para a tropa, vêm para trás, querem-se é casar.
INF1 Ah, mas
INQ Quer um cigarrinho?
INF1 Olhe, a senhora, não. Muitíssimo obrigado.
INQ Não quer?
INF1 Eu não fumo ao tempo. Para lhe dizer a verdade, eu já não fumo perfeitamente há quatro meses, ou mais. Agora para não lhe fazer a desfeita é que sou capaz…
INF2 O meu homem O meu homem quando era pequeno foi vigiar o gado…
INQ Eu não tenho é lume. O senhor não tem lume?
INF1 Nem eu. Eu não fumo já há mais de quatro meses. Que eu sou doente para fumar!
INF2 Ah, mas eu tenho Eu tenho os fósforos lá.
INF1 Eu so- Eu sou um estupor para fumar!